Insatisfeito com as duas traduções que encontrei do "Áporo" de Carlos Drummond de Andrade, fiz outra. Claro que li atentamente o "Insect" de John Nist (In search of poetry, 69) e o "Áporo" de Rosemary Arrojo (Oficina em tradução – Teoria na prática, 55-6), tentando aprender tanto com os acertos como com os equívocos das duas. Resumo aqui minha diferença em relação a eles tem a ver com a nossa noção de equivalência, do que precisa por ser essencial existir também no texto traduzido. Não costumo fazer traduções de poesia para o inglês, por motivos óbvios. Mas a minha saiu assim:
An insect bores
bores with firm resolve
piercing the ground
to find no way out.
What to do, burnt out,
in this sealed-off country,
this entangled nighttime
roots and iron rocks?
And lo, that maze
(oh reason and riddle)
quickly unravels:
in green, alone,
non-Euclidian,
Aqui o original:
Áporo
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.
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