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Notas para sair do fim do mundo

 1. Sérgio Moro é uma pessoa muito despreparada. Isso ficou transparente no período em que ele serviu como ministro da justiça. Ele e os procuradores da Lava-Jato não estavam à altura do desafio de combater a tal corrupção no estado. Ficou transparente também o conservadorismo dele, bastante autoritário, bem brasileiro. 

2. Paulo Guedes é uma pessoa completamente despreparada para trabalhar na administração pública e é assessorado por pessoas como ele, habituados a trabalhar no mercado de especulação financeira. Seus princípios são péssimos, cruéis porque completamente alheios ao fato de que o Brasil tem uma imensa população que vive na pobreza há gerações. 

3. Luciano Huck como político é uma piada. Apresentador de programa de TV de variedades que vai de moças quase peladas rebolando a exploração descarada da miséria alheia. Ele está no mesmo nível de figuras como Gugu Liberato e Sílvio Santos.

4. Pessoas como Moro, Huck e Guedes representam o que há de pior no Brasil: uma tendência a soluções mágicas, um despreparo muito grande que acha que voluntarismo resolve tudo. No passado tivemos gente como Collor e Zélia. No atual governo temos uma dominância completa desse tipo de gente. É o pior do Brasil, mas não é tudo o que há no Brasil. Nossas universidades preparam muita gente boa também, com conhecimento e consistência.  

5. Muitos jornalistas importantes no Brasil - nem a pena dar nomes - são funcionários de empresas que têm interesses escusos. Eles vão passando de FSP a Estadão e de Estadão à Veja e daí ao Grupo Globo sem mudar em nada a mesma cantilena: corrupção é problema do estado e populismo é não atender ao interesse público se ele estiver em conflito com o privado. Se destoarem da cantilena, estão fora, não tem mais acesso à mídia. O que esses meios de comunicação oferecem não é um debate, mas uma repetição quase hipnótica das mesmas idéias.

6. Uma grande parte dos parlamentares brasileiros são, de fato, deprimentes, mas não custa lembrar que eles foram eleitos legitimamente pelo povo brasileiro. Não faz sentido esse mesmo povo viver reclamando dos seus políticos como se eles tivessem sido eleitos pelo Espírito Santo. 

7. Para outras pessoas, o Povo Brasileiro vai de maravilhoso a terrível, dependendo de quem ganha as eleições. Em primeiro lugar, falta, na minha opinião, essas pessoas perceberem que fazem parte desse tal Povo. Em segundo lugar, não faz sentido achar que o Povo que elegeu Lula e Dilma é diferente do povo que elegeu FHC ou mesmo Collor. É o mesmo Povo e só poderia ser compreendido a partir desse reconhecimento - e a partir do reconhecimento de que ninguém pode compreender um Povo com um par de frases de efeito.

8. A religião não é garantia nem de eficiência, nem de incompetência. Não é garantia de fanatismo, nem de iluminação. Religiosos são seres humanos e não são nem melhores nem piores que os não-religiosos. A religião pode ser uma força para o bem e para o mal também. Não custa lembrar que, para cada religioso com atuação pública lamentável, podemos encontrar um outro religioso com atuação pública positiva. 

Comments

Daniel said…
eu vejo muito a coisa do messianismo da nossa cultura: de as pessoas acharem que vai surgir um salvador milagroso que, com bom coração, vai resolver todos os problemas da noite para o dia (como se esses problemas não tivessem, eles também, seus componentes culturais e participação das próprias pessoa que dizem que querem que eles sumam)
Concordo, Daniel, é um pensamento eminentemente patriarcal. Um pai grande que vai nos salvar de nós mesmos.

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