Quatro fragmentos sobre cópias e colonialismo
1. Maurice Ravel dizia aos seus alunos que eles se encontrariam como artistas quando não conseguissem copiar seus modelos fielmente. O ordem colonizadora encontra a si mesma nas suas cópias imperfeitas.
2. "A única coisa que mudou é que agora eu estou mais velho". Esse foi o depoimento de um garimpeiro [creuser] de cobalto no sul do Congo. Essa região abriga simplesmente 50% das reservas mundiais de Cobalto, que é usado amplamente em várias das empresas mais ricas do mundo, como Apple, Google, Dell, Microsoft e Tesla. Ainda assim, 85% dos congoleses se sustentam com empregos informais e 75% deles ganham menos de 2 dólares por dia. Com atores diferentes, repete-se ali o que aconteceu com o Congo quando ele era belga e "pertencia" ao rei Leopoldo.
3. Em 1846, um terço do conselho de nobres no Havaí era de mulheres. Em 1850 o então país independente aprova uma constituição copiada de modelos europeus e dos Estados Unidos e não dá sequer o direito ao voto às mulheres.
4. As Valquírias de Wagner foram usadas no filme The Birth of a Nation que fazia propaganda da KKK como defensora dos bons valores ocidentais nos Estados Unidos. Em 1979 Coppola filmou o exército dos Estados Unidos bombardeando os vietnamitas e tocando a mesma música aos belos de auto-falantes. Em 1983 exércitos dos Estados Unidos de verdade tocaram o mesmo trecho dos Anéis dos Nibelungo na invasão a Granada. A cópia da ficção para a vida real se repetiu nas duas Guerras do Iraque.
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