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Showing posts from January, 2022

Obituário - Elza Soares

Elza Soares em 1960 gravou um samba antigo de 1938, que tinha sido gravado por Aracy de Almeida. A gravação abre "A Bossa Negra", na qual a cantora canta sambas com arranjos modernos com metais e brinca de quando em quando com o scatting do jazz americano. O refrão anuncia: " Ai, ai, meu Deus, Tenha pena de mim! Todos vivem muito bem Só eu que vivo assim: Trabalho e não tenho nada, Não saio do miserê. Ai, ai, meu Deus! Isso é pra lá de sofrer."  Seu reconhecimento maior demorou quase 50 anos. Mas ainda bem que veio antes de Elza Soares morrer! A versão de Aracy de Almeida é linda, mas é mais lenta, mais delicada [o compacto inclui "Marido da Orgia", sobre a violência doméstica]: Elza Soares volta ao clássico no meio da onda da Bossa Nova impondo aquela combinação de vigor animado e afinação perfeita. Seu reconhecimento maior demorou quase 50 anos para acontecer.  Mas ainda bem que veio antes de Elza Soares morrer!

A melhor banda dessa semana: Big Thief com "Not"

It's not the energy reeling, Nor the lines in your face, Nor the clouds on the ceiling, Nor the clouds in space. It's not the phone on the table, Nor the bed in the earth, Nor the bed in the stable, Nor your stable words. It's not the formless being, Nor the cry in the air, Nor the boy I'm seeing, With her long black hair. It's not the open weaving, Nor the furnace glow, Nor the blood of you bleeding, As you try to let go. It's not the room, Not beginning, Not the crowd, Not winning, Not the planet, Not spinning, Not a rouse, Not heat, Not the fire lapping up the creek, Not food, Not to eat. Not the meat of your thigh, Nor your spine tattoo, Nor your shimmery eye, Nor the wet of the dew. It's not the warm illusion, Nor the crack in the plate, Nor the breath of confusion, Nor the starkness of slate. It's not the room, Not beginning, Not the crowd, Not winning, Not the planet, Not spinning, Not a rouse, Not heat, Not the fire lapping up the creek, Not food...

O que o barranco destruiu com a ajuda de governos omissos

Chamar de fatalidade ou de acidente a queda do barranco em Ouro Preto neste janeiro é muito enganoso. O barranco que destruiu o solar Baeta Neves estava condenado há pelo menos dez anos e ninguém fez nada para contê-lo. Só interditaram a ocupação do imóvel - e já é extraordinário que o tenham feito - e sentaram esperando pelo que acabou acontecendo.  O Brasil não tem desastres naturais como terremotos, tsunamis ou furacões como tantos outros lugares do mundo. Essas chuvas intensas são o normal em Minas Gerais todos os anos do período de dezembro e janeiro. O patrimônio de Ouro Preto sofreu essa perda por culpa de omissão dos governos. Não sei quem tem mais culpa, se o municipal, o estadual ou o federal. Espero que algum jornalista investigue, mas não sei se vai interessar a algum jornal apontar responsabilidades. Talvez baste a audiência com a filmagem impressionante do barranco devorando as casas em tempo real.  As fotos são do acervo pessoal do meu irmão Pedro da Luz Moreira...

Música e adolescência - 5 princípios básicos

1. Perder tempo sem conta discutindo obsessivamente sobre música; 2. Dar a essas discussões sobre gosto musical o peso de questões de grande significado moral; 3. Considerar certos tipo de música não apenas piores, mas um "erro" que não deveria existir; 4. Quando mais "transgressor" o seu estilo preferido, mais cheio de regras rígidas; 5. Acreditar piamente que tudo o que é bom está necessariamente escondido em algum lugar muito marginal porque tudo o que é promovido por gravadoras é uma porcaria.