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Showing posts from December, 2022

Diário de Babylon no Natal - "É o jingo!"

 1. Aqui em casa, no meio do sertão de Oklahoma, costumo dizer umas dez vezes por dia, "é o jingo" como sinal das festas de fim de ano. 2. O troféu Herodes desse Natal vai para o governador do Texas que mandou na noite do dia 25 mais de cem homens, mulheres e crianças que tentaram passar pela fronteira pelo seu estado para a porta da vice-presidente Kamala Harris enquanto os termômetros marcaram -7oC em Washington DC. 3. Aqui em Norman a rapaziada do Norman  Care-A-Vans se mobilizou para dar teto a todos os sem casa da cidade antes que o frio literalmente de matar chegasse. Destaque natalino positivo para eles - digamos que seja o nosso troféu manjedoura - para o dono do modesto Travelodge, hotel da cidade que liberou mais de vinte quartos para acomodar os miseráveis da cidade durante o Natal. Minha Ti também merece menção especialíssima porque participou do esforço de levar comida e auxílio ao sem-casa! 4. Nossa cidade é bacana demais, mas nem tudo são rosas. Temos vereador...

Tradução: Emily Dickinson

  Recentemente não sei quem voltou pela enésima vez ao tema de que haveria escritores demais e leitores de menos hoje em dia. Disse a tal pessoa que deveríamos escrever menos. Logo pensei em Emily Dickinson, que pubicou menos de uma dúzia de poemas em vida e escreveu mais de 1.800. Estes aqui, chamados de "sobras"[scraps] ou "maravilhosos nadas" [gorgeous nothings], foram escritos no verso de envelopes e são pequenos tesouros. Minha rápida e [como sempre no caso de Dickinson] insuficiente tradução: Este é o livro:

Música

A dupla caipira contemporânea Gillian Welch and David Rawlings se apresenta normalmente assim: dois violões ou violão e banjo e duas vozes.  Como toda a boa canção parece que ela fala comigo, apesar da história sobre um lavrador miserável e sua mula amada dando duro o dia inteiro não ter nada a ver comigo. "Quando o dia encomprida como ele tem encompridado esses dias" eu também me lembro do refrão dessa canção tão simples e tão tocante: "esses tempos difíceis não vão tomar conta da minha cabeça". O lavrador perdeu sua mula e já não canta mais, diz a canção, então chegou a hora de outros vozes humildes, exaustas, vivendo de vinho e lágrimas pegar os instrumentos e cantar essa canção e dançar até "tirar a poeira das rachaduras do chão".   Hard Times Gillian Welch and David Rawling There was a camp town man.  Used to plow and sing 'n he loved that mule and the mule loved him When the day got long as it does about now I'd hear him singing to his mule c...

Poesia da Guiné-Bissau: Odete Semedo

As minhas lágrimas   Odete Semedo As lágrimas  escapuliram  esboçaram  no chão do meu rosto  um fio de mágoa profunda  queimando  bem fundo   Nenhum grito...  nenhum gemido...  palavra nenhuma  letra alguma  jamais traduziu  tanto sofrer  os olhos sentiram  a minha gente viu  E eu?  E eu?  Odete Semedo, No fundo do canto. Belo Horizonte: Nandyala, 2007.