Skip to main content

Música


A dupla caipira contemporânea Gillian Welch and David Rawlings se apresenta normalmente assim: dois violões ou violão e banjo e duas vozes.  Como toda a boa canção parece que ela fala comigo, apesar da história sobre um lavrador miserável e sua mula amada dando duro o dia inteiro não ter nada a ver comigo. "Quando o dia encomprida como ele tem encompridado esses dias" eu também me lembro do refrão dessa canção tão simples e tão tocante: "esses tempos difíceis não vão tomar conta da minha cabeça". O lavrador perdeu sua mula e já não canta mais, diz a canção, então chegou a hora de outros vozes humildes, exaustas, vivendo de vinho e lágrimas pegar os instrumentos e cantar essa canção e dançar até "tirar a poeira das rachaduras do chão".  


Hard Times

Gillian Welch and David Rawling



There was a camp town man. 

Used to plow and sing

'n he loved that mule and the mule loved him
When the day got long as it does about now
I'd hear him singing to his mule cow




Calling, "Come on my sweet old girl, and I'll bet the whole damn world
That we're gonna make it yet to the end of the row"
Singing "Hard times ain't gonna rule my mind.
Hard times ain't gonna rule my mind, Bessie.
Hard times ain't gonna rule my mind no more."







Said it's a mean old world, heavy in need.
And that big machine is just picking up speed.
And we're supping on tears, and we're supping on wine.
We all get to heaven in our own sweet time.






So come all you Asheville boys and turn up your old-time noise

And kick 'til the dust comes up from the cracks in the floor
Singing, "Hard times ain't gonna rule my mind, brother.
Hard times ain't gonna rule my mind.
Hard times ain't gonna rule my mind no more."






But the camp town man, he doesn't plow no more.
I seen him walking down to the cigarette store.
Guess he lost that knack and he forgot that song.
Woke up one morning and the mule was gone.






So come on, you ragtime kings 


and come on, you dogs, and sing
And pick up a dusty old horn and give it a blow,
Playing, "Hard times ain't gonna rule my mind, honey
Hard times ain't gonna rule my mind, sugar
Hard times ain't gonna rule my mind no more."

Comments

Popular posts from this blog

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...