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A Trilha das Lágrimas e o Império da Lei

Em 1819 o governo dos Estados Unidos assina um tratado de paz com os Cherokees que dizia que o governo não permitiria qualquer tipo de intrusão por parte de não-indígenas nas terras da tribo para todo sempre. O "todo sempre" durou 11 anos. Em 1830, o então presidente Andrew Jackson [que estampa até hoje as notas de 20 dólares] assinou o Decreto de Remoção dos Indígenas. Mais de 15.000 Cherokees foram presos e depois forçados a sair de suas terras na Georgia, Tennessee, Carolina do Norte e Alabama. Eles tiveram que atravessar nove estados americanos e um terço deles morreu pelo caminho, de fome, de doenças diversas, ou de frio. O evento ficou conhecido como a "Trilha das Lágrimas". 

Trail of Tears, mural dos anos 30 de Carmen Bria

Em 1831, durante sua longa viagem pelos Estados Unidos, Tocqueville viu os índios Chickasaw e Choctaw, expulsos do estado do Mississippi, atravessando o rio Mississippi, outra edição da Trilha das Lágrimas. A discrição é marcante:

 

Os índios traziam suas famílias consigo; entre eles estavam os feridos, os doentes, crianças recém-nascidas e idosos a ponto de morrer. Eles não tinham barracas nem carroças; apenas algumas provisões e armas. Eu os vi embarcar para atravessar o grande rio, e o que vi nunca vai se apagar da minha memória. Nenhum soluço ou queixa se levantava daquele agrupamento silencioso. Suas aflições vinham de muito tempo e eles as sentiam como irremediáveis.” 


 

Segue-se uma reflexão arguta para quem quer realmente compreender a cultura dos Estados Unidos: 

 

 “Os espanhóis, com atrocidades que os marcaram com vergonha indelével, não conseguiram exterminar a raça indígena nem puderam fazer com que os índios não compartilhassem seus direitos. Os Estados Unidos conseguiu ambos resultados com incrível facilidade, calmamente, legalmente e filantropicamente, sem derramar sangue e sem violar sequer um dos grandes princípios da moralidade ante os olhos do mundo. Impossível destruir seres humanos com mais respeito pelas leis da humanidade.”  

Comments

Leonardo Bomfim said…
A segunda citação pertence a que autor?

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