Durante décadas, economistas e empresários estadounidenses promoveram a ideia de que aumentar o salário mínimo custaria uma redução nos empregos dos trabalhadores de baixa remuneração. O argumento justifica até hoje a manutenção do salário mínimo federal (estabelecido há quinze anos) em US $ 7,25 por hora, uma taxa que é seguida por vinte dos cinquenta estados dos Estados Unidos até hoje.
Na virada da década dos 80 para os 90, os economistas David Card e Alan Krueger compararam o número de empregos em fast-food em 400 restaurantes na Pensilvânia e em Nova Jersey logo depois que este último tinha aumentado o seu salário mínimo. Card e Krueger descobriram que, ao invés de desemprego, a medida gerou um pequeno aumento: os restaurantes em Nova Jersey sujeitos ao aumento salarial contrataram 2,5 funcionários a mais por loja do que os restaurantes na Pensilvânia.
Card e Krueger refutaram com base no mais puro empirismo anglo-saxão um dogma econômico neoliberal sobre o salário mínimo no apogeu da era Reagan. A agressividade contra Card e Krueger por parte de outros economistas na época impressiona. Finis Welch [formado em Chicago, é claro] zombou deles por concluírem que, no dizer dele, "as leis da gravidade foram revogadas". Paul Craig Roberts [ex-editor do Wall Street Journal] denunciou a American Economic Review - uma das principais publicações da área - por publicar um artigo tão absurdo.
Quando David Carr recebeu o Prêmio Nobel em 2021, Alan Krueger não pôde ser laureado também porque tinha se matado em 2019 aos 58 anos (por motivos desconhecidos).
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