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Loucura 3

Continuamos aquela conversa por duas semanas, sentados frente a frente na mesa de jantar da minha casa, discutindo todo o tipo de assunto e ele, sem nunca se alterar, com profundidade e bom senso sobre-humanos, me explicou os mistérios do céu e da terra. Saí dali convicto que o pastor era quem dizia e não mais um subversivo estrangeiro qualquer e passei a anotar minuciosamente em um caderno de capa de couro tudo que ele me contou sobre nosso mundo e também sobre o mundo dele e o espaço sideral em geral. Transcrevo um pequeno exemplo da sua sabedoria: “De forma alguma fábricas são sempre construídas para resolver problemas fundamentais. A grande maioria delas estão ocupadas com a produção de cosméticos, jóias, badulaques femininos, incontáveis bolsas, chapéus ridículos, novidades banais, esmalte de unha, sapatos que machucam os pés e estragam a cavalgadura, meias que não oferecem proteção alguma, charutos que envenenam o corpo, goma de mascar, bolas de futebol, pistolas e armas de caça, munição, bebidas alcoólicas e outros estimulantes; todavia existe uma infinidade de outras coisas úteis e necessárias que poderiam ser produzidas em massa, tais como: material de construção, medicamentos, hormônios vegetais sintéticos, máquinas para produzir energia, fogões eletrônicos, alimentos concentrados para populações em desalinho, livros científicos e filosóficos, sapatos de plástico, instrumentos cirúrgicos e ortopédicos, fertilizantes, colhedeiras e sementeiras mecânicas, inseticidas, casas pré-fabricadas, móveis indestrutíveis, instrumentos de mineração, etc.”

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