III
A Panama Railroad Company, com sede em
Nova Iorque, tinha sido criada em 1850 e mudado a vida econômica do Panamá.
José Manuel Luna, como vários outros panamenhos, sofria com a perda dos
negócios transportando os gringos, que agora tomavam o trem construído pela multinacional
americana, e sofria a falta de empregos depois do término da construção da
ferrovia.
Juan Manuel
Luna era negro, ferreiro de profissão, eleitor registrado pelo menos desde 1851
e, portanto, cidadão em pleno exercício de seus direitos. Os panamenhos, como
outros habitantes da América Central, principalmente os negros e mestiços da
região, viviam naquela época o receio da ação dos filibusteiros, gente como o famigerado
aventureiro William Walker, que saiu do sul dos EUA e tomou o poder na
Nicarágua, declarando-se presidente, reinstituindo a escravidão e fazendo do
inglês a língua oficial do país. Texas, Alta Califórnia, Nicarágua – seria o
Panamá a próxima vítima do “destino manifesto” anglo-saxão? Esse era o clima
que propiciou a pancadaria nas ruas da Cidade do Panamá, conhecida pelo
pitoresco nome de “a revolta da fatia de melancia”.
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