Arte minha: nó da terra |
Sobre a proximidade entre cães e seres humanos
"Enquanto eu te fazia à minha imagem, tu me fazias à tua"
O crime do professor de matemática
Um
cão adora comer carne e beber sangue mas, não sendo nunca o mais forte, aprende
a roer ossos. A metonímia é a pedagogia da pobreza.
...
Um
cão vigia um osso e espera até que outro se aproxime. Só então, num súbito
ataque de volúpia, ele agarra o osso que agora é seu e o esmaga entre as
mandíbulas.
...
O
ser humano acredita que o amor do seu cão é uma questão de temor reverencial. O
cão acredita no amor daquele que o alimenta.
...
O cão encontra o primeiro ovo e o come cru. O dono do
galinheiro cozinha um segundo ovo em água fervendo e chama o cão, que chega
abanando o rabo. O ser humano abre a boca do cão e enfia o ovo quente lá
dentro, trancando com as mãos as mandíbulas do animal desesperado em volta do segundo
ovo. A pedagogia do dono do galinheiro lhe custa dois ovos. O cão perde para a
sempre a vontade de comer ovos cozidos.
...
Quatro cães escutam seu dono discursar sobre o poder
supremo das ideias e da fé.
O primeiro decide crer no sabor delicado e poder
nutritivo das pedras e quebra os seus dentes.
O segundo começa a descrer na gravidade e pula do telhado
da casa estragando as pernas.
O terceiro passa a noite deitado na neve e inventa um
novo processo de mumificação.
O quarto deixa de acreditar na necessidade de
respirar, se joga em águas profundas e aprende a nadar.
...
Arte Minha: Pastor |
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