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Showing posts from September, 2016

Poesia minha: Domingos sem deus

Mash up – Domingos sem deus 1. Mirim o tato das lembranças lê a letra miúda apagada no verso dessa fotografia desembrulhando o nada esquadrinhando vargens vazias 2. Sem remédio parcas palavras muitas desconfianças 3. Trens a saudade rói a vida desanda a lataria tirita a tarde se imola 4. Sorte teve a Sandra arrimo de um restolho de família só havida mesmo num retrato batido num distante sete de setembro desmoronando, meu deus nem tanque nem tecelagem nem esse visgo de miséria conformismo atávico desambição melhor correr daqui correr o mundo safa esperta astuta ladina pavã 5. Milagres a galinha ara o chão cisca o monturo o vira-lata de lugar nenhum alegria interesseira cinismo estabanado covardemente hipócrita sonha sacos de lixo fartos e suculentos até abalar porta afora para nunca mais voltar só com os documentos e a roupa do corpo   um homem em desespero exilado espera 6. Outra fábula a...

Poesia minha: Auto-Retrato

Desenho meu: Auto-Retrato Auto-Retrato "E... Sim, vi, a mim mesmo, de novo, meu rosto, um rosto;  não este, que o senhor razoavelmente me atribui.  Mas o ainda-nem-rosto — quase delineado, apenas — mal emergindo,  qual uma flor pelágica, de nascimento abissal...  E era não mais que: rostinho de menino, de menos-que-menino, só. Só."  um homem sem histórico escolar sem currículo sem diploma sem título sem carteira assinada sem emprego fixo sem terno sem paletó  sem gravata sem camisa de gola sem sapato que se engraxe sem meio de transporte outro que os pés sem número de telefone celular sem casa de campo sem casa própria  um homem de parcas posses sem reputação alguma  sem boa ou má fama  sem vizinhos que o reconheçam sem pais, sem filhos  sem parentes sem amigos sem nome ou sobrenome distintivo sem sexo sem corpo sem cor rostinho de menino de menos-que-menino...

Silêncios estratégicos no meio da gritaria

Desenho meu: Auto-Retrato Enquanto presidente colombiano, em 2008 Álvaro Uribe exportou para os Estados Unidos “14 Pinochets” – líderes das milícias paramilitares – para serem julgados como traficantes de drogas. A saída desses homens em aviões dos Estados Unidos na calada da noite, antes que a justiça colombiana pudesse começar a julgá-los e sem buscar permissão da mesma chocou o país. Nos Estados Unidos, julgados apenas pelo cultivo e tráfico de drogas sem levar em conta milhares de mortes e abusos pelas quais esses homens são responsáveis. Assim, receberam sentenças relativamente curtas e, encurtando suas sentenças por cooperar com as autoridades dos Estados Unidos em suas investigações sobre o tráfico, podem até mesmo sair em menos de dez anos da prisão, com o bônus de ganhar então o direito de permanecer nos Estados Unidos. À medida em que as investigações sobre as ligações entre os paramilitares e a família Uribe avançam, os possíveis motivos da extradição súbita e sigilosa ...