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Notas para livros impossíveis & Cartões de Biblioteca

Arte Minha: Cartão da Biblioteca 1 

1. Nenhum tipo de ciência ou tecnologia é em si progressista ou reacionário. Posto a serviço do Capital, qualquer tipo de ciência ou tecnologia, apesar de si mesma, produz alienação e a instrumentalização das pessoas, porque trabalha para o aumento da eficiência [que é um eufemismo para aumento do lucro]. 
Cabe aqui uma breve nota, curta e grossa, sobre eufemismos como Eficiência no lugar de Lucratividade ou Agronegócio para latifúndio de monocultura de exportação ou Mercado no lugar de Capital. Capitalismo = Pirataria + Relações Públicas.
 
Arte Minha: Cartão da Biblioteca 2
2. A alienação nasce da exploração e da divisão do trabalho. A instrumentalização é resultado de tratarmos pessoas como objetos [que podem ser vistos como “ferramentas” ou “obstáculos”]. Alienação e instrumentalização existem em função dessa sede inesgotável de lucratividade que é base fundamental do Capitalismo. O ser humano talvez seja capaz de criatividade e solidariedade tanto quanto ele é capaz de crueldade e egoísmo. O Capitalismo sempre faz a balança tender para a crueldade e o egoísmo. O Capital produz sujeitos da crueldade e do egoísmo, incapacitados para enxergar os outros e mesmo a si mesmos, transformados e transformando os outros seres humanos em ferramentas ou obstáculos.
 
Arte Minha: Cartão da Biblioteca 3
3. Em princípio o Capitalismo não é inimigo mortal de nada. Não se opõe a cientificismo nem ao obscurantismo. Não se opõe nem à democracia nem ao autoritarismo. Não se opõe nem ao feminismo nem ao machismo. Não se opõe à igualdade racial nem à discriminação racial. O Capitalismo é capaz de tolerar qualquer coisa desde que essa coisa não coloque obstáculos à sua fome infinita de lucro e é capaz de amar qualquer coisa desde que essa coisa sirva o propósito do aumento da “eficiência”. Como essa fome não se apazigua, não diminui, não arrefece, aquilo que é tolerado hoje pode não ser mais tolerado amanhã. Não há situação de exploração extrema que não possa ser “reformada” em nome de apertar o torniquete mais um pouco para aumentar a margem de lucro. Ontem a “eficiência” queria os seus anéis, hoje ela quer os seus dedos. Amanhã serão as suas mãos, depois os braços, as pernas, o tronco, a cabeça. Tudo.  
 
Arte Minha: Cartão da Biblioteca 4


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Comments

Essa série dos cartões de biblioteca é incrível! Um dia gostaria de vê-los fisicamente e falar mais sobre eles.
André, esses cartões foram transformados em papel rascunho disponível ao lado dos terminais de consulta da biblioteca, isso depois que a biblioteca adotou o sistema informatizado e eles já não tinham valor. Eu levei vários para casa e comecei a brincar com eles. Escaneados assim devo ter uns 15. Infelizmente uma série de três que eu enquadrei e pus no meu escritório desbotou muito [por causa das canetas vagabundérrimas que eu usei para colorir]. Acho que tenho muitas delas na minha conta do Pinterest.
Hmmm, arte efêmera então! Tem mais valor! Hahaha!
Agora, falando sério, o resultado é muito interessante, talvez principalmente vendo no computador. Imagino que ao vivo eles sejam pequenos, mas para alguém como eu, que nunca os viu fisicamente, a imagem que aparece no computador pode tanto ser de um cartão de 10cm x 5cm como pode ser de um painel de 2m de altura ou de uma colagem de 60cm x 40cm. Enfim, pode ser qualquer coisa. Não quero dizer que sejam melhores ou piores de acordo com o tamanho. O que acho interessante é esse caráter incerto inerente à imagem digital que se vê. Como eles estão escaneados em boa resolução, não consigo evitar, olho pra eles e imagino um imenso de um quadro.

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