Foto minha: Puxador em Veneza |
Foto minha: Pés no Metropolitan |
Uma
aura de desastre. Dois olhos duros, amarelos. Olhos de gato me estudando
sóbrios, me especulando com a atenção indiferente de um bebê.
esse eu conheço pelo cheiro: do
vinho só bebe o nome.
caráter
é carne, caroço e casca: punhal de que não se vê nem o fio, nem o cabo.
a gente só ama o que não tem. Quando encosta o
dedo de leve, o amor abre as asas e vai embora.
amor
não morre, vai embora. Quem morre é você, fulminado, carcomido,
cego,
e pior: sem nem saber que.
Só
é corajoso quem descrê da boa sorte.
O amor pega, bate a carteira dos dois e cai
fora. fica a carne dos dois
pendurada no açougue, tentando, sozinha, reacender
o fósforo numa lata cheia d’água.
Baixei
as malas no chão e tranquei a porta do quarto brigando com as chaves.
Quando
me virei lá estava ela, nua de modéstia e descalça de vergonha: a fome.
Foto: Chão no Gabinete Português |
Foto minha: Bica |
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