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Traduzindo o monólogo de Segismundo de Calderón de la Barca

Goya, 1799

Monólogo de Segismundo [1636]

Sonha o rei que é rei, e vive,
com este engano, mandando,
dispondo e governando;
e este aplauso, que recebe
emprestado, no vento escreve,
e em cinzas lhe converte
a morte, maldita morte!
Haverá quem tente reinar
vendo que há de despertar
no sonho da morte?
Sonha o rico na sua riqueza
que mais cuidados lhe oferece;
Sonha o pobre que padece
sua miséria e sua pobreza;
Sonha o que a medrar começa,
Sonha o que afana e pretende,
Sonha o que agrava e ofende,
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
ainda que ninguém o entenda.
Eu sonho que estou aqui
Destas prisões encarregado
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me vi.
O que é a vida? Um frenesi.
O que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção,
e o maior dos bens é pequeno:
que toda a vida é sonho,
e os sonhos, sonhos são.


[No original de La vida es sueño de Calderón de la Barca] 
Sueña el rey que es rey, y vive
con este engaño mandando,
disponiendo y gobernando;
y este aplauso, que recibe
prestado, en el viento escribe,
y en cenizas le convierte
la muerte, ¡desdicha fuerte!
¿Que hay quien intente reinar,
viendo que ha de despertar
en el sueño de la muerte?
Sueña el rico en su riqueza,
que más cuidados le ofrece;
sueña el pobre que padece
su miseria y su pobreza;
sueña el que a medrar empieza,
sueña el que afana y pretende,
sueña el que agravia y ofende,
y en el mundo, en conclusión,
todos sueñan lo que son,
aunque ninguno lo entiende.
Yo sueño que estoy aquí
destas prisiones cargado,
y soñé que en otro estado
más lisonjero me vi.
¿Qué es la vida? Un frenesí.
¿Qué es la vida? Una ilusión,
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño:
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son.


Comments

depertoedelonge said…
Belo poema, bela tradução

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