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No dia 31 de julho voltei aos Estados Unidos. No aeroporto tratei de comprar a edição de quarta do New York Times. Eis o que aprendi:
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51% dos americanos reconhecem que Trump é um racista.
A opinião dividida (apesar de demonstrações frequentes do seu racismo) esconde a
polarização política americana: quanto 86% das pessoas que se declaram democratas
acham mesmo que o presidente é um racista, 91% dos republicanos acha que ele não
é. Sou tentado mas ainda reluto a relacionar a cegueira sobre o assunto como uma
forma de racismo. De qualquer maneira a persistência do racismo depende dessa
cegueira.
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Em 2018 418 crianças com menos de 10 anos de
idade foram separadas dos seus pais em detenções de imigrantes sem documentos. Desses
185 tinham menos de 5 anos. Como política oficial, as separações acabaram; como
prática corriqueira do estado, não.
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O colombiano Egan Bernal foi o primeiro latino americano
a ganhar o Tour de France, mais importante corrida de bicicletas do mundo. Com
22 anos de idade ele é o campeão mais jovem desde 1909. Até 2015 sua especialidade
era o mountain bike, praticado com afinco nos arredores de Bogotá. Bernal já aperou
clavícula, rosto e mandíbula e perdeu vários dentes – o esporte é saúde, dizem aqueles
que transmitem eventos esportivos.
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A Etiópia organizou a maior campanha de plantação
de árvores do mundo: mais de 350 milhões de árvores foram plantadas no país
africano no dia 29 de julho. O objetivo do governo é plantar 4 bilhões de árvores.
A África dando exemplo.
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Antes de ser presa pela acusação de ter hackeado
o banco Capital One e roubado informações de mais de 100 milhões de pessoas, a
programadora Paige Thompson postou no seu Twitter:
“Fiz uma série de coisas que vão
garantir meu confinamento involuntário para longe desse mundo. O tipo de coisa
que eles não vão poder ignorar ou varrer para debaixo do tapete com uma clínica
de internação temporária. Eu nunca mais vou voltar para esse mundo.”
O mal do século
é a solidão?
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No obituário da filósofa Agnes Heller encontro uma
frase dos anos 60: “O que nós precisamos é de uma revolução da vida, da vida
cotidiana”. Uma revolução que não transforma a vida cotidiana em fonte de liberdade
e alegria não merece esse nome.
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No obituário do filósofo inglês Bryan Magee encontro
a seguinte citação:
“If you make serious demands on viewers, it is feared, you are bound to
drive most of them away”.
Magee teve dois programas de TV sobre
filosofia, um nos anos 70 (“Men of Ideas”) e outro no final dos anos 80 (“The Great
Philosophers”). Descubro também que ele escreveu um livro famoso sobre Wagner e
a filosofia chamado The Tristan Chord. 50 anos depois a lógica torpe do
entretenimento (que Magee afrontava com o seu programa ostensivamente “chato”)
invadiu a sala de aula e todos os outros espaços da cultura. Vale tudo, menos ser "chato", que muitas vezes é exigir da inteligência alheia sem apelar para gracinhas ou belezas de comercial de shampoo.
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Em 1983 Jean Pierre Basquiat pintou um Quadro chamado
“Desfiguração – A morte de Michael Stewart”, onde figuram dois policiais que
batem com cassetetes numa figura negra que parece estar de desmanchando no chão.
O Quadro está relacionado com a morte de um artista negro de 25 anos nas mãos
de policiais dentro de uma viatura. Eles levaram Stewart ao hospital onde ele
entrou em coma e morreu duas semanas depois. 40 anos depois continuamos
desfigurando gente nas prisões, nas ruas, nos hospitais, nas escolas.
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Eu e Olívia resolvemos tentar fazer o risotto e
o macarrão que aparecem no caderno de culinária do jornal.
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