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Música argentina: Liliana Herrero


Confesión del Viento 

[Juan Falú / Roberto Yacomuzzi]




El viento me confió cosas

Que siempre llevo conmigo.

Me dijo que recordaba:

Un barrilete y tres niños, [barrilete: pipa, papagaio]

Que el sauce estaba muy débil,    [sauce: salgueiro]

Que en realidad él no quiso,

Que fue uno de esos días

Que todo es un estropicio.


Me dijo que los pichones [pichón: pombo]

A veces de apresurados

Caen al suelo indefensos

Y él no consigue evitarlo.

Me habló de arenas de agosto,

De cartas de enamorados,

Del humo en las chimeneas,

Del fuego abrazando el árbol.


Iba quebrado de culpa

Y seguía confesando

En su lomo de distancias [lomo: lombo]

No cabalgaba ni un pájaro.

Era un fantasma ese viento,

Un alma en pena penando

Y en ese telar de angustias [telar=tear para fazer tecido]

Tejió sus babas el diablo.  ["os babados do diabo", as teias de aranha quase soltas ao vento]


Me dijo que recordaba,

Que en realidad él no quiso.

A veces de apresurados...

Un barrilete y tres niños...

Me habló de arenas al cielo

Y chimeneas al piso,

De cartas de enamorados

Que todo es un estropicio.


Era un fantasma ese viento.

Tejió sus babas el diablo.

Iba quebrado de culpas

Y no consigue evitarlo.

En ese telar de angustias...

El fuego abrazando el árbol...

El sauce estaba muy débil...

Y seguía confesando


Le pregunté por las chapas

Del techo de los de abajo,

Dijo "el hombre ha de luchar

Para conseguir los clavos

En vez de hincarse a rezar

Para olvidar sus quebrantos

O de sentarse a esperar

Regalos eleccionarios".


Me sorprendió la respuesta,

Pero no quise atajarlo,

Pues cuando lleva razón,

Vaya, quién quiere pararlo.


El viento me confió cosas

Que siempre llevo conmigo.

Me confió cosas

Que siempre llevo conmigo.

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