Skip to main content

Diario de Tenochtitlán 3 - Lomas de Santa Fé


Uma diferença fundamental entre a Cidade do México e as outras metrópolis latino-americanas é que aqui há uma forte tradição de resistência à especulação imobiliária nos bairros mais antigos da cidade. Essa resistência vinha tanto do estado com seu aparato de políticas urbanas como da população dos bairros de classe média que protestavam e não permitiam que se construíssem arranha-céus em seus bairros.
Lomas de Santa Fé era primeiro um imenso buraco - daqui se tirava areia para construir a cidade. Depois começaram a encher o buraco com lixo - aqui estava o lixão da cidade com sua conhecida população de miseráveis. Até que governo e iniciativa privada decidiram transformar Lomas de Santa Fé no bairro "moderno" da cidade, onde os prédios de escritórios podiam ser gigantescos como os da Avenida Paulista ou do Centro do Rio.

Comments

A Travessia said…
Onde "estava o lixão" quer dizer que fica aí debaixo dos prédios? Queria saber de que época era, pq se fosse um lixão da segunda metade do séc xx seguro terá bastante química tóxica.
O lixão começou nos anos 60 e foi fechado no meio dos anos 80. Essa foto do blogue mostra só uma parte bem pequena de Santa Fé. São dezenas de aranha-céus. O plano urbano de Santa Fé é produto da fase neo-liberal do PRI com Salinas de Gortari e assim a infraestrutura foi feita por grandes empresas que assim "pagavam" pelos terrenos desapropriados pelo governo. Foi no início dos anos 90 que os primeiras grandes construções começaram a aparecer, mas com a crise financeira as coisas se desaceleraram. Por isso a maior parte dos edifícios é deste século.

Popular posts from this blog

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...