Skip to main content

Ainda sobre Lobato, ainda de forma indiretíssima:

"German literature, too, labored under the influence of the political excitement into which all Europe had been thrown by the events of 1830. A crude Constitutionalism or a still cruder Republicanism, were preached by almost all writers of the time. It became more and more the habit, particularly of the inferior sorts of literati, to make up for the want of cleverness in their productions, by political allusions which were sure to attract attention. Poetry, novels, reviews, the drama, every literary production teemed with what was called 'tendency,' that is with more or less timid exhibitions of an anti-governmental spirit. In order to complete the confusion of ideas reigning after 1830 in Germany, with these elements of political opposition there were mixed up ill-digested university-recollections of German philosophy, and misunderstood gleanings from French Socialism, particularly Saint-Simonism; and the clique of writers who expatiated upon this heterogeneous conglomerate of ideas, presumptuously called themselves 'Young Germany,' or 'the Modern School.' They have since repented their youthful sins, but not improved their style of writing."
Trecho de Revolution and Counter-revolution in Germany escrito por Engels, fã (junto com seu chapa barbudo) do "reacionário" Balzac e do "pequeno-burguês" Dickens.

Traduzindo só a parte central:
"Tornava-se cada vez mais um hábito, particularmente entre os literatos de segunda categoria, compensar pela falta de inteligência em suas produções com alusões políticas que certamente atraíam atenção. Poesia, romances, resenhas, teatro, toda a produção literária estavam carregadas com o que era chamado 'tendência, que é uma exibição mais ou menos tímida de espírito anti-governamental."
Mais sobre o assunto, eu recomendo Marxism and Literature de Raymond Williams.

Comments

sabina said…
nossa, ou acordei devagar, ou a alusão está muuito indireta!
Sabina, a alusão está mesmo indireta demais, como eu confessei no título. É que muita gente hoje em dia faz uma crítica literária muito superficial, em cima quase sempre do conteúdo mais óbvio e da relação desse conteúdo com a realidade direta. Por esse caminho é fácil descartar Monteiro Lobato, mas eu acho que a apreciação que Marx e Engels tinham de Balzac e Dickens [escritores absolutamente burgueses na superfície do discurso] é justamente atenta a um outro extrato, mais profundo, do texto, além inclusive de uma leitura voluntarista do tipo "isso é o que o autor quis dizer com essas palavras".

Popular posts from this blog

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...