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Tradução: "Delirante" de Sarah Howe


Sarah Howe acabou de ganhar com o seu primeiro livro dois importantes prêmios na Inglaterra, o TS Eliot e o Young Writer of the Year. Celebrações e comemorações de nascimentos, prêmios, mortes e publicações só fazem sentido para mim como desculpas para conhecer ou conhecer melhor um trabalho interessante. A vida é curta e não tenho muita paciência nem para fofocas sem-graça nem para polêmicas aborrecidas nem para longos elogios emocionados. Então tratei de esboçar uma primeira tradução de um pequeno poema de Sarah Howe: 

Delirante
Conter-se talvez
não passe de outra forma

de necessidade. Sou
ameixa, azul à meia-luz.

Você é tigre que
come as proprias patas.

O dia em que casamos
as árvores todas tremiam

como se estivessem loucas –
seja gentil comigo, você disse.

Frenzied
Maybe holding back
is just another kind

of need. I am a blue
plum in the half-light.

You are a tiger who
eats his own paws.

The day we married
all the trees trembled

as if they were mad –
be kind to me, you said.

Mais poemas de Sarah Howe aqui. Há um outro excelente poema de Sarah Howe, precedido de um ensaio muito mais ou menos dela, aqui [talvez valha a pena pular o ensaio e ir direto ao poema].

Comments

Eu também, Sabina. Achei o achado da poesia dela muito melhor do que essa polêmica besta. Apesar de concordar que há um tom meio despeitado de certa recepção do prêmio, acho essa discussão de poetisa X poeta meio furada, como acho a discussão presidenta X presidente [ambas são possíveis e a pessoa deveria escolher, ainda que pelos motivos mais subjetivos, o nome que prefere para sua posição/profissão]. E essa história de fazer reportagem sobre a decoração da casa dela uma questão de tipo de reportagem [posso imaginar a Caras fazendo uma reportagem sobre a decoração no apartamento do Ferreira Gullar].

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