Sinto um rancor quase palpável nas palavras de alguns compatriotas quando reclamam do pouco reconhecimento que a cultura brasileira recebe fora do país [e às vezes até dentro do país]. O rancor não é apenas quase palpável, mas é também reconhecível, porque eu já o senti. Mas depois de anos morando fora e ensinando literatura e cultura brasileira, mudei completamente. Eu acho que quem perde por não conhecer Machado de Assis, Guimarães Rosa, Villa-Lobos ou Pixinguinha são exatamente aqueles que não os conhecem. As obras e seus autores [pelo menos quando se trata de autores mortos] não perdem nem ganham tanto assim. Ora, se nós conhecemos Cole Porter e Miles Davis e também Cartola e Chico Buarque enquanto os estadounidenses só conhecem dois dos quatro, quem está em vantagem? Assim sendo, não sinto rancor nenhum. Mas também não sinto qualquer tipo de pena condescente pelos que não conhecem os inúmeros tesouros da cultura brasileira porque acho que, ao invés de se lamentar em rancores ...
Basicamente, mas não exclusivamente literatura: prosa e poesia.