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Sobre adaptações cinematográficas e o limite do conceito de tradução


"... é preciso fazer um reparo importante sobre a relação entre literatura e cinema em adaptações cinematográficas. Creio ser mais produtivo pensar nessas adaptações como uma forma peculiar de interpretação ao invés de pensá-las como traduções intersemióticas segundo a classificação de Jakobson. Isso porque as adaptações cinematográficas tradicionalmente têm uma relação muito mais livre com o texto de origem que têm as traduções, mesmo aquelas autodefinidas como “transcriações”. As noções textuais de fonte e derivação estão no cerne do trabalho tradutório e por isso faz sentido que elas tenham protagonismo na análise crítica desse tipo de trabalho, mas não são adequadas na análise de adaptações de textos literários ao cinema por levar frequentemente a previsíveis comentários sobre aquilo que, presente ou ausente no texto literário original, “faltaria ou sobraria” na adaptação cinematográfica. A matéria cinematográfica é, em geral, construída com extrema liberdade a partir de uma interpretação livre daquilo que importa ao adaptador do texto literário."

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