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Poesia minha: Águas de Belo Horizonte

Águas de Belo Horizonte


Quiero volver a tierras niñas;
llévenme a un blando país de aguas.
Gabriela Mistral

 
nascem limpas as cabeceiras
do Barreiro o Olaria e o Clemente
que depois jazem imundos
no túmulo do Arrudas

brotam doces o Jatobá
o Olhos D’Água e o Água Branca
que depois escorrem podres
da boca do Arrudas 
o Cercadinho e o Tijuco
chegam frescos ao mundo
e despencam depois moribundos
pelas barrancas do Arrudas

o Leitão e o Pastinho
saem da terra cristalinos
e depois se entrevam adoecidos
no leito do Arrudas

minam puros da encosta
o Cercadinho o Cardoso e o Serra
que dos tubos solapados vazam mortos
para o ventre duro do Arrudas

vertem água cristalina
o Itaituba o Taquaril o Cafundó e o Olaria
e escoam a fragrante bílis negra
da vesícula cancerosa do Arrudas.

o Britos e até o Acaba Mundo
são paridos água aguda branda e adamantina
que é então assassinada a sangue frio
nos intestinos dessa áspera cidade
que semeia desertos de asfalto concreto e pedra
que cobre os morros que descem
rolando até o Ribeirão Arrudas

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Comments

Unknown said…
Morando agora na Serra da Mantiqueira, com muita água, dói ler essa poesia. Que o nesmo não aconteça com as águas daqui...
Não é incrível pensar que Belo Horizonte e Contagem e Cia estavam cobertas de rios e ribeirões e que tudo virou esgoto? Tomara que não aconteça mesmo, Ju!

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