O de sempre: Sai a enésima reportagem anual sobre pesquisa sobre hábitos de leitura no Brasil que, apesar da pesquisa indicar uma pequena mas constante mudança POSITIVA no número de leitores e no número de livros lidos, gera manchetes e depois inúmeros comentários carregados de complexo de vira-lata sobre "a falta de cultura" do ser fictício mais odiado do Brasil: o brasileiro [que curiosamente sempre exclui aquele que se pronuncia sobre ele, mesmo que via de regra seja ele brasileiro também].
A velha novidade: Pessoas importantes do mercado editorial brasileiro lançando cartas ao público nas redes sociais pedindo que as pessoas comprem mais livros em vista da situação periclitante da indústria no fim de 2018.
Outra velha novidade: Livro com os contos de Lygia Fagundes Telles que acaba de ser lançado pela editora mais importante do país custa simplesmente R$99,90, o que significa mais de 10% de um salário mínimo. Pesquisa do IBGE de 2017 aponta que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo [reportagem aqui]. Se bobear, em termos de possíveis consumidores de livros, não devemos conter nem um Portugal de leitores em condições financeiras de comprar um livro.
O de sempre: Nem o editor em sincero desespero, nem os leitores indignados com "a falta de cultura" do "brasileiro" (que não inclui o leitor indignado) fazem qualquer menção sobre uma política séria, agressiva de bibliotecas no Brasil. Uma biblioteca deve ser um espaço de democracia, onde o livro chega às mãos dos muitos que não têm acesso a ele. Se todas as universidades, todas as escolas do ensino médio e todas as escolas do ensino fundamental tivessem bibliotecas com um acervo em dia, renovado periodicamente, o "mercado do livro" se beneficiaria e não há nada de mal nisso, muito antes pelo contrário. Mas seriam muito mais beneficiados os brasileiros. Esses livros, entre eles o de contos de Lygia Fagundes Telles, estariam à disposição da metade de brasileiros que não tem dinheiro para montar bibliotecas em casa e dos seus filhos também.
A velha novidade: Pessoas importantes do mercado editorial brasileiro lançando cartas ao público nas redes sociais pedindo que as pessoas comprem mais livros em vista da situação periclitante da indústria no fim de 2018.
Outra velha novidade: Livro com os contos de Lygia Fagundes Telles que acaba de ser lançado pela editora mais importante do país custa simplesmente R$99,90, o que significa mais de 10% de um salário mínimo. Pesquisa do IBGE de 2017 aponta que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo [reportagem aqui]. Se bobear, em termos de possíveis consumidores de livros, não devemos conter nem um Portugal de leitores em condições financeiras de comprar um livro.
O de sempre: Nem o editor em sincero desespero, nem os leitores indignados com "a falta de cultura" do "brasileiro" (que não inclui o leitor indignado) fazem qualquer menção sobre uma política séria, agressiva de bibliotecas no Brasil. Uma biblioteca deve ser um espaço de democracia, onde o livro chega às mãos dos muitos que não têm acesso a ele. Se todas as universidades, todas as escolas do ensino médio e todas as escolas do ensino fundamental tivessem bibliotecas com um acervo em dia, renovado periodicamente, o "mercado do livro" se beneficiaria e não há nada de mal nisso, muito antes pelo contrário. Mas seriam muito mais beneficiados os brasileiros. Esses livros, entre eles o de contos de Lygia Fagundes Telles, estariam à disposição da metade de brasileiros que não tem dinheiro para montar bibliotecas em casa e dos seus filhos também.
Comments
Aliás, nessa época de muitas compras do governo, a Cia. das Letras investiu em catálogos de escritores clássicos, justamente por isso.
E infelizmente havia prefeituras que não desencaixotavam os livros...