Um tema espinhoso no meu campo de estudos é a questão da intenção autoral. A maioria que finge que a questão não existe insiste em se arvorar autoridade para dizer o que Machado de Assis, Guimarães Rosa ou Shakespeare queriam dizer ou fazer com determinado trecho de suas obras. A subjetividade do leitor é o outro lado dessa moeda esquecida no fundo da gaveta. Afinal de contas quaisquer conclusões que eu tire sobre um texto de Machado de Assis ou Guimarães Rosa ou Shakespeare são minhas e não dos respectivos autores.
Ilustro com um simples caso não literário. Os retratos de corpo inteiro que Albert Eckhout fez de vários "tipos" do Brasil colônia: negro/as, mulato/as, índio/as e mameluco/as. A gente pode (e talvez deva) especular sobre o que pensava Eckhout sobre os seus retratados e a relação destes com o colonizador europeu. Mas o nosso trabalho não pode (nem deve) parar por aí. Porque eu creio que o amor pelo trabalho de pintor realista da escola holandesa de Eckhout transcende em muito os seus preconceitos. Mesmo no caso daquele que representa na série o supostamente mais primitivo e selvagem deles, "O homem tapuia":
Ilustro com um simples caso não literário. Os retratos de corpo inteiro que Albert Eckhout fez de vários "tipos" do Brasil colônia: negro/as, mulato/as, índio/as e mameluco/as. A gente pode (e talvez deva) especular sobre o que pensava Eckhout sobre os seus retratados e a relação destes com o colonizador europeu. Mas o nosso trabalho não pode (nem deve) parar por aí. Porque eu creio que o amor pelo trabalho de pintor realista da escola holandesa de Eckhout transcende em muito os seus preconceitos. Mesmo no caso daquele que representa na série o supostamente mais primitivo e selvagem deles, "O homem tapuia":
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