Uma segunda barragem com rejeitos de mina da Vale, agora em Brumadinho, promete possivelmente arrasar o rio Paraopeba. A escala de rejeitos é bem menor do que o da mina da Samarco, mas os danos à população perto da mina já são muito piores.
Vou escrever sobre a primeira recepção do acontecido sem citar nomes porque tenho horror a esses linchamentos virtuais que volta e meia acontecem nas redes sociais, como se atirar todo o ódio visceral quando A ou B que compartilhou ou disse algo repugnante não fosse igualmente repugnante. O processo se repete com pessoas diferentes e sair destilando ódio personalizado é uma reação descontroladamente violenta e, pior, completamente ineficaz.
Vamos lá:
O exército de desinformadores já trabalha freneticamente na mídia em geral. Amiga do FCBK me informa que "especialistas" passaram a manhã inteira no canal de notícias da Rede Globo limpando a barra da Vale e das outras mineradoras. Esses senhores muito serenamente especializados com seus ternos bem cortados e diplomas bem lustrados "constatam" placiadmente que como o estado não tem mesmo como fiscalizar as minas e barragens, elas têm mesmo que ser fiscalizadas pelas próprias corporações. Isso, tendo como panos de fundo imagens e números chocantes de destruição e morte em Brumadinho, me parece cena grotescas daqueles filmes ou séries sobre distopias à moda de 1984 de George Orwell.
Esses da televisão pelo menos são pagos regiamente para fazer o que fazem.
Muitas outras pessoas comuns se prestam a divulgar desinformação sem fontes gratuitamente. Fui confrontado na TL de um outro amigo com um longo comentário já formatado por outra pessoa e tomado como "informação", embora sem qualquer indicação de fontes. O comentário/"notícia" dizia entre outras coisas que o presidente da Vale é "um ex-sindicalista" e que Lula/Dilma haviam "reestatizado" a Vale com dinheiro do BNDES através dos fundos de pensão. A culpa do crime ambiental seria, "portanto" culpa dos PT e do socialismo estatista.
Eu, que normalmente não costumo me meter nessas coisas, ainda mais na TL de outra pessoa, mandei apenas um link do Estadão com a origem nada sindicalista do atual presidente da Vale. Meu amigo algum tempo depois mandou uma tabela com os acionistas principais da Vale. As duas informações desmontavam toda a sustentação "factual" do argumento do tal comentário/"notícia". A pessoa, que havia compartilhado o libelo no final das contas anônimo a favor da privatização "de tudo" dando como exemplo um [segundo] crime ambiental cometido por uma empresa privatizada há mais de vinte anos e dirigida por um executivo com longa carreira em corporações brasileiras, respondeu aos dois comentários mais ou menos da mesma maneira. Ele reconhecia o erro mas sustentava que "muito do que estava ali ainda era verdade". Na minha opinião não havia sobrado nada além do argumento quase surrealista, em vista da situação catastrófica, baseado justamente nesses "fatos" desmontados primeiro por mim e depois pelo meu amigo.
Vou escrever sobre a primeira recepção do acontecido sem citar nomes porque tenho horror a esses linchamentos virtuais que volta e meia acontecem nas redes sociais, como se atirar todo o ódio visceral quando A ou B que compartilhou ou disse algo repugnante não fosse igualmente repugnante. O processo se repete com pessoas diferentes e sair destilando ódio personalizado é uma reação descontroladamente violenta e, pior, completamente ineficaz.
Vamos lá:
O exército de desinformadores já trabalha freneticamente na mídia em geral. Amiga do FCBK me informa que "especialistas" passaram a manhã inteira no canal de notícias da Rede Globo limpando a barra da Vale e das outras mineradoras. Esses senhores muito serenamente especializados com seus ternos bem cortados e diplomas bem lustrados "constatam" placiadmente que como o estado não tem mesmo como fiscalizar as minas e barragens, elas têm mesmo que ser fiscalizadas pelas próprias corporações. Isso, tendo como panos de fundo imagens e números chocantes de destruição e morte em Brumadinho, me parece cena grotescas daqueles filmes ou séries sobre distopias à moda de 1984 de George Orwell.
Esses da televisão pelo menos são pagos regiamente para fazer o que fazem.
Muitas outras pessoas comuns se prestam a divulgar desinformação sem fontes gratuitamente. Fui confrontado na TL de um outro amigo com um longo comentário já formatado por outra pessoa e tomado como "informação", embora sem qualquer indicação de fontes. O comentário/"notícia" dizia entre outras coisas que o presidente da Vale é "um ex-sindicalista" e que Lula/Dilma haviam "reestatizado" a Vale com dinheiro do BNDES através dos fundos de pensão. A culpa do crime ambiental seria, "portanto" culpa dos PT e do socialismo estatista.
Eu, que normalmente não costumo me meter nessas coisas, ainda mais na TL de outra pessoa, mandei apenas um link do Estadão com a origem nada sindicalista do atual presidente da Vale. Meu amigo algum tempo depois mandou uma tabela com os acionistas principais da Vale. As duas informações desmontavam toda a sustentação "factual" do argumento do tal comentário/"notícia". A pessoa, que havia compartilhado o libelo no final das contas anônimo a favor da privatização "de tudo" dando como exemplo um [segundo] crime ambiental cometido por uma empresa privatizada há mais de vinte anos e dirigida por um executivo com longa carreira em corporações brasileiras, respondeu aos dois comentários mais ou menos da mesma maneira. Ele reconhecia o erro mas sustentava que "muito do que estava ali ainda era verdade". Na minha opinião não havia sobrado nada além do argumento quase surrealista, em vista da situação catastrófica, baseado justamente nesses "fatos" desmontados primeiro por mim e depois pelo meu amigo.
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