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Um desavisado poderia pensar que a culpa toda seria da Amazon e congêneres, mas neste século XXI as lojas gigantes de varejo (Costco e Sam's Club, que pertence ao Walmart) cresceram mais que o gigante do comércio online. Ali o consumidor tipicamente sai carregando pacotes gigantes com dezenas de rolos de papel higiênicos, galões de mostarda e ketchup e caixas com milhares de sucos de caixinha.
Mais importante que isso, a classe média dos EUA encolheu de 60% da população em 1970 para 40% agora. E enquanto a classe média estadounidense do século XXI, já encolhida contra a parede, não sabe o que é poupança, os 10% mais ricos só dão conta de gastar 60% do que ganham. Galerias de arte e butiques prosperam, mas o fato é há mais dinheiro para os tubarões de Wall Street transformarem em mais dinheiro - ou em fumaça.
Daí a ascensão meteórica das "Dollar Stores" que vendem todo o tipo de coisa (inclusive comida devidamente ultra-processada e produtos de limpeza em embalagens menores) por apenas 1 dólar. Elas são obviamente a "opção" preferencial dos pobres, cada vez mais pobres. Já são mais de 30.000 lojas desse tipo espalhadas pelo país. Além delas, há os inescapáveis Walmarts, onde pode-se comprar remédio, comida, meias, latas de lixo, trabucos e pneus numa só viagem. Mais informação (em inglês) aqui.
Em vista de tudo isso é cada vez mais irônico voltar para o Brasil e escutar os suspiros emocionados pelos paraísos dos intermináveis xópins e outchiletchis dos Estados Unidos. Os brasileiros sonham com casas mal-assombradas e defuntos, principalmente se continuarmos esse processo recente de re-concentração de renda radical.
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