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Showing posts from March, 2020

Trilha sonora para o fim do mundo 4

Trilha Sonora para o fim do mundo 3

I certainly haven't been shopping for any new shoes a nd I certainly haven't been spreading myself around I still only travel by foot, and by foot it's a slow climb, But I'm good at being uncomfortable,  so  I can't stop changing all the time I notice that my opponent is always on the go a nd Won't go slow, so's not to focus, and I notice He'll hitch a ride with any guide As long as they go fast from whence he came But he's no good at being uncomfortable, so He can't stop staying exactly the same If there was a better way to go then it would find me I can't help it, the road just rolls out behind me Be kind to me, or treat me mean I'll make the most of it, I'm an extraordinary machine I seem to you to seek a new disaster every day You deem me due to clean my view and be at piece and lay I mean to prove I mean to move in my own way, and say I've been getting along for long before you came into the play ...

Trilha sonora para o fim do mundo 2

Days like this I don't know what to do with myself All day and all night I wander the halls along the walls and under my breath I say to myself I need fuel to take flight And there's too much going on But it's calm under the waves, in the blue of my oblivion Under the waves in the blue of my oblivion Is that why they call me a sullen girl, sullen girl They don't know I used to sail the deep and tranquil sea But he washed me ashore and he took my pearl And left an empty shell of me And there's too much going on But it's calm under the waves in the blue of my oblivion Under the waves in the blue of my oblivion Under the waves in the blue of my oblivion It's calm under the waves in the blue of my oblivion

Trilha sonora para o fim do mundo

Tudo indica que estamos a beira de uma catástrofe no Brasil. A inação e ineficiência dos EUA já vai mostrando como a pandemia pode tomar proporções ainda maiores do que as que ela teve na China, e mesmo na Itália ou na Espanha. Tudo indica que o pior ainda está por vir e acontecerá no Brasil. Finalmente, dezenas de apelidos depois, nosso despresidente encontrou seu epíteto perfeito: "Bolsonero", tocando sertanejo gospel da sacada do seu palácio enquanto assiste sua Roma arder em chamas. Amarga simetria irônica: Darcy Ribeiro gostava de chamar a América Latina de Nova Roma, seguindo José Vasconcelos. Seremos a Nova Roma em chamas e eu, aqui de longe, vou por as imagens no mudo e ligar essa já velha canção tão estranha, misturando desespero e uma vontade inocente quase piegas de redenção. Vamos celebrar a estupidez humana A estupidez de todas as nações O meu país e sua corja de assassinos Covardes, estupradores e ladrões Vamos celebrar a estupidez do povo Nossa polí...

Recordar é viver: sentidos do meu trabalho

Hoje há uma ruína na Praça Jornal do Comércio, delimitado pela Avenida Barão de Tefé, Rua Sacadura Cabral e pelo limite lateral do Hospital dos Servidores do Estado, no número 178 da Rua Sacadura Cabral. São restos de um cais de pedra, construído a partir de 1811, para o desembarque de africanos escravizados, no porto do Rio de Janeiro. Por ali chegaram mais ou menos 1milhão de pessoas, 25% de todos os africanos sequestrados e depois escravizados nas Américas. Isso faz do Valongo o maior porto escravagista da história da humanidade. Escondido por baixo da reforma de 1843 que o transformou em Cais da Princesa, o porto recebeu a princesa napolitana Tereza Cristina de Bourbon, esposa do Imperador Dom Pedro II. Aterros feito com a terra dos morros do centro do Rio acabaram de enterrar essa história até recentemente. “O enfermeiro” foi publicado por Machado de Assis pela primeira vez na Gazeta de Notícias de 13 de julho de 1884. O conto se passa em 1860 e o narrador se chama Procópio V...

Escutando o despresidente falar

Nem tudo é para o mal quando se trata do atual presidente (pindorâmico ou babilônico, podem escolher) no meio de uma pandemia. Podemos exercitar nosso vocabulário. Ao escutar os disparates televisionados, me inspirei em criar um glossário criativo de ofensas. Ficaram de fora os palavrões porque o nível do discurso público já anda em nível subterrâneos, mas fui do quase erudito da nossa última flor do Lácio ao mais vernacular belorizontino. Ele merece mesmo um aluvião de adjetivos:    A.     asqueroso, anta, agourento, asno, acéfalo, arregão, abobado, abominável, arrombado, atormentado, aborrecido, alma penada dos quintos dos infernos, abcesso purulento, B.      burro, bostão, biltre, barango, babaca, besta quadrada, bruto, bafo de onça, bronco, bandido, bitolado, brega, bunda mole, boca de esgoto, bichado, bucha de boi, C.      cafona, cacete, covarde, cachorro sarnento, cão danado, carniceiro, crápula, cafona, ca...

Obituário: Manu Dibango

Almeida Garrett e os ricos

"Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem que de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis." Trecho de Viagens da minha terra , Almeida Garrett, 1846

Diário da Babilônia: Crises agudas e dores crônicas

A crise aguda do  vírus corona  chegando e os problemas estruturais crônicos que permanecem desde algum tempo fazem o  Estados Unidos passarem por um momento especialmente delicado. Antes mesmo da chegada do Vírus Corona, expectativa de vida já havia caído por 3 anos consecutivos nos EUA. A última vez que isso tinha acontecido foi entre 1915 e 1918 por causa da Primeira Guerra Mundial em conjunto com a Gripe Espanhola. A causa dessas quedas na expectativa de vida por aqui foram 600 mil mortes “extra” (não previstas pelos demógrafos) de adultos brancos entre 45 e 54 anos de idade. As causas principais são suicídio, overdose e doenças do fígado causadas por abuso de álcool e os mortos na sua imensa maioria são brancos sem diploma universitário. As mortes causadas pela crise dos opioides chegou a um equilíbrio no ano passado após anos consecutivos de crescimento. Mas as mortes por suicídio e por problemas derivados do alcoolismo continuam crescendo. A questão é: por...

Obituário: Keith Flint

I'm the trouble starter, punkin' instigator. I'm the fear addicted, danger illustrated. I’m the Firestarter, Twisted Firestarter. I'm the bitch you hated, filth infatuated, yeah! I'm the pain you tasted, fell intoxicated. I’m the Firestarter, Twisted Firestarter. I'm the self-inflicted, mind detonator, yeah! I'm the one infected, twisted animator! I’m the Firestarter, Twisted Firestarter.

Terceiro Mundo em Babylon

Começamos na sexta-feira à noite no trajeto era Santa Cruz-Santa Bárbara, com baldeação em San Luis Obispo. Meu amigo fazia doutorado em SC e passava os fins de semana em SB, onde a mulher fazia doutorado. Ele começa a achar meio esquisito o trajeto do motorista e quando finalmente resolve que vai falar com ele, percebe que o sujeito dirigia o ônibus com uma lanterna presa pelos dentes e um mapa aberto no colo [isso foi antes dos telefones com GPS]. O motorista então pára no acostamento no meio do nada e anuncia: "estou dirigindo sem parar a dois dias. Se não conseguir encontrar o caminho para San Luis Obispo nos próximos 30 minutos, vou parar em qualquer lugar e dormir." Brancolândia em pânico. Latinos, na maioria mexicanos, tomam o mapa do motorista, esticam o pescoço para fora da janela em busca de referências e começam a parlamentar para tentar botar o ônibus de volta no rumo certo. Trabalhando em equipe os latinos conseguem ajudar o motorista a reencontrar o caminho ...

Porque eu amo o México

O mexicano Gabino Barreda lê "Oración cívica" em público pela primeira vez em setembro 1867, celebrando a independência e principalmente a vitória final dos mexicanos contra os invasores franceses e seus aliados conservadores. Ele termina o ensaio com uma espécie de resumo das expectativas  com relação ao país  do liberalismo mexicano, já sob influência do positivismo: "Que en lo sucesivo una plena libertad de conciencia, una absoluta libertad de exposición y de discusión dando espacio a todas las ideas y campo a todas las inspiraciones, deje esparcir la luz por todas partes y haga innecesaria e imposible toda conmoción que no sea puramente espiritual, toda revolución que no sea meramente intelectual, Que el orden material, conservado a todo trance por los gobernantes y respetado por los gobernados, sea el garante cierto y el modo seguro de caminar siempre por el sendero florido del progreso y de la civilización." Muita fé no progresso, dentro de uma ordem l...

Ainda os anos 80

Eu fui me lembrar de "The Boiler" e comecei a me lembrar de um monte de coisas que me levavam à loucura nos anos oitenta, na época em que eu tinha uma banda e sonhava com música o tempo todo. Duas canções da banda Black Uhuru que eu ouvi 5 milhões de vezes: "Plastic Smile" e "Natural Reggae Beat". Uhuru significa liberdade em swahili. Black Uhuru tinha na cozinha aqueles que são para mim a melhor dupla de baixo e bateria até hoje: Robbie Shakespeare e Sly Dunbar. Além disso eles eram para mim a prova cabal de que se podia fazer com o inglês o que nós fizemos [e fazemos] com o português nas ruas e becos do Brasil. O uso do pronome "I" no papel de objeto direto no refrão de "Plastic Smile": "Don't show I no teeth, Plastic smile can't work! Take you face from the ground, Girl, stop wearing frown! I'm not a clown that laughs and jokes While my structure in smoke. Every man is born of truth in the natural birth....

Aconteceu em 1982 - Lembranças de uma certa adolescência perdida

The Boiler The Special AKA with Rhonda Dakar I went out shopping last Saturday I was getting some gear, and this guy offered to pay Who's the hunk? I think to myself For so many years I've been left on the shelf An old boiler Then we went walking back down the high street And I felt so proud because he looked so neat He was a real hard man, tough as they come He said I was cool but I still felt like An old boiler He bid me "Come out", how could I say no? He said "Meet me at eight round my place, you know" With my new gear on, and a blow dried hair-do But in my mind I knew I was still An old boiler We danced all night long to a nice steady beat But my hair went to frizz in the terrible heat My mascara ran, and so did my tights Confirming in my sight, I must be An old boiler So we came out this club hot and sweaty Because we'd been dancing all night And he says to me "Well, babe, what you doing then?" "Well, I think I might get ...

¡Viva la vida y abajo la pedantería!

José Vasconcelos e a jabuticaba Descrevendo em detalhes sua viagem pelo Brasil em 1922, quando veio representar o México nas festas do centenário da independência, José Vasconcelos se derrete em elogios. Uma das minhas passagens preferidas é a que descreve a jaboticaba: "Fueron deliciosos los manjares, pero lo que recordábamos después fue el amable empeño del amigo Duarte, el presidente municipal [ Rafael Andrade Duarte , prefeito de Campinas em 1922], por hacernos conocer la mejor fruta de la región, la jabuticaba . [...] ... por fortuna nuestro huésped mandó poner en el centro de la mesa una enorme fuente de jaboticabas, se pronuncia llaboticaba. El fruto parece una ciruela obscura [ameixa] con pulpa blanca, dulce y jugosa, pero mucho más delicada y refrescante que la de cualquier ciruela. Los árboles que la producen los había allí mismo, en el parque, y no hay ninguna razón para que no puedan ser trasplantadas a las zonas cálidas de Veracruz y Colima. Conocer un fruto nue...