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Ainda os anos 80

Eu fui me lembrar de "The Boiler" e comecei a me lembrar de um monte de coisas que me levavam à loucura nos anos oitenta, na época em que eu tinha uma banda e sonhava com música o tempo todo.

Duas canções da banda Black Uhuru que eu ouvi 5 milhões de vezes: "Plastic Smile" e "Natural Reggae Beat". Uhuru significa liberdade em swahili. Black Uhuru tinha na cozinha aqueles que são para mim a melhor dupla de baixo e bateria até hoje: Robbie Shakespeare e Sly Dunbar. Além disso eles eram para mim a prova cabal de que se podia fazer com o inglês o que nós fizemos [e fazemos] com o português nas ruas e becos do Brasil.

O uso do pronome "I" no papel de objeto direto no refrão de "Plastic Smile":

"Don't show I no teeth,
Plastic smile can't work!

Take you face from the ground, Girl, stop wearing frown! I'm not a clown that laughs and jokes While my structure in smoke. Every man is born of truth in the natural birth. The things that the Fari say to do now Shows what life really worth.
 Don't show I, don't show I no teeth, teeth can't work"



Ou então a transformação genial de "we" em "I&I" em "Natural Reggae Beat" (que tem uma combinação de baixo e bateria que eu nunca ouvi em lugar nenhum antes ou depois, coisa rara ainda mais no reggae, onde imperam as riddums, que são padrões rítmicos que são usados em várias canções do mesmíssimo jeito).
E ainda na mesma canção a simples omissão do verbo "is" entre "tribute" e "right", fazendo com que o verso seja simultaneamente "then you know the tribute is right" e "then you know the tribute the right way". Ou o jeito de pronunciar "intelligence" como "intelligency".

"You better be ready to
Catch the reggae train
You better catch tha fever
To make you move and groove
It's not the punky honky
It's a natural reggae beat
To make you keen tight (keen tight)
Then you know the tribute right.
Oh, Lord, lead and guide
I &I in the earth!



Cause they try many times
To conquer I & I
but because of high intelligencyI could afford to be here just now."



Esse disco de vinil [que eu guardo no Brasil e acabo escutando pelo menos uma vez por ano] me deu incontáveis horas de alegria e energia - solitárias horas, praticamente. Praticamente porque acabamos tocando coisas puxadas daí na banda. 

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