Os japoneses têm muito medo da violência, ainda que os níveis de criminalidade no Japão sejam um sétimo dos do Estados Unidos, onde aliás as pessoas também têm medo da violência, ainda que a criminalidade no Estados Unidos tenha diminuído muito, a níveis muito abaixo da criminalidade do Brasil, onde as pessoas também têm muito medo ainda que os níveis de homicídios tenham caído muito também mas, voltando aos japoneses, eles criaram soluções sensacionais para que o cidadão comum se proteja: uma saia que se transforma em um disfarce de máquina de vender refrigerantes, uma mochila que se transforma em disfarce de extintor de incêndio e até uma bolsa que se disfarça de tampa de bueiro!
[veja os slides do New York Times no link abaixo]
http://www.nytimes.com/slideshow/2007/10/20/world/20071020_JAPAN_SLIDESHOW_index.html
No caso brasileiro, eu proporia que a classe média amedrontada adaptasse a idéia dos japoneses e se disfarçasse também. Mas, como tampas de bueiro e máquinas de vender refrigerante não são tão comuns no Brasil, que tal se essa classe média se disfarçasse de pobre, que é uma coisa que a gente encontra quase em qualquer canto no Brasil?
Para isso nossos amedrontados cidadãos contariam com a ajuda de personal fashion trainers™ recrutados diretamente nas gigantescas comunidades carentes e bolsões de miséria [veja só: combatendo o desemprego, matamos duas caixas d'água com um coelho só].
Claro que isso não resolveria muito o problema, já que as estatísticas que se encontram nas pequenas notas lá pela página 26 dos jornais indicam que não é a classe média, mas sim as pessoas mais pobres as que mais sofrem com a violência urbana. Mas um pouco de paz de espírito não tem preço, não é mesmo?
Mas outra coisa me preocupa nesse projeto de mimetização contra o crime: disfarçar esse pessoal todo de pobre colocaria a vida de muito deles mesmos em risco já que a classe média apavorada está um pouco mal acostumada e talvez não aceite ser esculachada impunemente por policiais no meio da rua sem qualquer justificativa. Eles talvez não saibam que, disfarcados de pobre, as consequências de qualquer objeção mais veemente ao esculacho policial possa redundar em ... mais violência, talvez até do tipo letal. Pois a brutalidade policial que a classe média aplaude como o melhor remédio contra os criminosos que lhes põem tanto medo dificilmente se restringe aos criminosos propriamente ditos - ainda que seja fácil dizer que todo o mundo que morreu em confrontos com as forças da lei e da ordem eram traficantes facínoras, mesmo porque quase nenhum dos presuntos em questão têm parentes que lêem jornais. Os facínoras em questão são invariavelmente pés-de-chinelo e se confundem facilmente com a maioria dos pés de chinelo, que não é facínora.
Talvez pudéssemos resolver a questão vendendo disfarces de criminoso facínora de terno e gravata aos criminosos facínoras pés-de-chinelo - eles certamente gostariam de gozar das mesmas benesses que seus companheiros de classe média gozam. Recrutaríamos mais Personal Fashion Trainers™, agora entre os moradores dos ghettos endinheirados das grandes cidades brasileiras. O problema é ter acesso a eles; teríamos que passar pela segurança na porta dos condomínios... Talvez se nós nos disfarçássemos de jardineiro ou doméstica...
[veja os slides do New York Times no link abaixo]
http://www.nytimes.com/slideshow/2007/10/20/world/20071020_JAPAN_SLIDESHOW_index.html
No caso brasileiro, eu proporia que a classe média amedrontada adaptasse a idéia dos japoneses e se disfarçasse também. Mas, como tampas de bueiro e máquinas de vender refrigerante não são tão comuns no Brasil, que tal se essa classe média se disfarçasse de pobre, que é uma coisa que a gente encontra quase em qualquer canto no Brasil?
Para isso nossos amedrontados cidadãos contariam com a ajuda de personal fashion trainers™ recrutados diretamente nas gigantescas comunidades carentes e bolsões de miséria [veja só: combatendo o desemprego, matamos duas caixas d'água com um coelho só].
Claro que isso não resolveria muito o problema, já que as estatísticas que se encontram nas pequenas notas lá pela página 26 dos jornais indicam que não é a classe média, mas sim as pessoas mais pobres as que mais sofrem com a violência urbana. Mas um pouco de paz de espírito não tem preço, não é mesmo?
Mas outra coisa me preocupa nesse projeto de mimetização contra o crime: disfarçar esse pessoal todo de pobre colocaria a vida de muito deles mesmos em risco já que a classe média apavorada está um pouco mal acostumada e talvez não aceite ser esculachada impunemente por policiais no meio da rua sem qualquer justificativa. Eles talvez não saibam que, disfarcados de pobre, as consequências de qualquer objeção mais veemente ao esculacho policial possa redundar em ... mais violência, talvez até do tipo letal. Pois a brutalidade policial que a classe média aplaude como o melhor remédio contra os criminosos que lhes põem tanto medo dificilmente se restringe aos criminosos propriamente ditos - ainda que seja fácil dizer que todo o mundo que morreu em confrontos com as forças da lei e da ordem eram traficantes facínoras, mesmo porque quase nenhum dos presuntos em questão têm parentes que lêem jornais. Os facínoras em questão são invariavelmente pés-de-chinelo e se confundem facilmente com a maioria dos pés de chinelo, que não é facínora.
Talvez pudéssemos resolver a questão vendendo disfarces de criminoso facínora de terno e gravata aos criminosos facínoras pés-de-chinelo - eles certamente gostariam de gozar das mesmas benesses que seus companheiros de classe média gozam. Recrutaríamos mais Personal Fashion Trainers™, agora entre os moradores dos ghettos endinheirados das grandes cidades brasileiras. O problema é ter acesso a eles; teríamos que passar pela segurança na porta dos condomínios... Talvez se nós nos disfarçássemos de jardineiro ou doméstica...
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