Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...
Comments
Antes, acho, o PT se apresentava como honesto e íntegro, contra os políticos fisiológicos. Haveria uma velha direita corrupta, e a nova esquerda honesta.
Minha mãe votou sempre no PT, e desde o mensalão não pode mais ver a cara do Lula que fica nervosa, sente-se traída, chama-o de ladrão.
É difícil argumentar que o mensalação não foi nenhuma novidade exclusiva do PT, e que outras questões do governo Lula são mais importantes.
Por outro lado, é muito difícil justificar os desvios toleráveis (em favor de um projeto de governo) contra aqueles intoleráveis (para enriquecimento individual). Onde está mesmo o limite?
O exercício do bom senso exige olhos fechados em muitas questões, e nem todo mundo se sente confortável nessa geléia de valores.
Vi no jornal algumas críticas à propaganda do PT, que apresenta Dilma como mãe do país, e Lula como o pai. Ok, é um sentimentalismo barato.
Mas alguém consegue realmente ganhar uma eleição sem esses apelos emocionais?
O problema [universal hoje em dia] é que a política democrática oferece um contraste insuportável entre uma linguagem altamente "idealista" e romântica [que fala de consertar todos os males do mundos e resgatar a dignidade, por exemplo] e uma prática política essencialmente pragmática.
Num país que eleje um presidente X ou Y e um congresso dessa qualidade, nem Maomé, Moisés, Jesus Cristo e Buda juntos!