Skip to main content

Meu Pitado - Parte 3


[Imagens: à sua esquerda Washington Luís espana a casaca e faz cara de mau enquanto chama o MST decaso de polícia” e à sua direita Carlos Lacerda faz biquinho contra o “mar de lama” e a

república sindicalista”. Ambos acabaram caindo do cavalo...]


Estamos longe do suficiente principalmente porque grande parte da conversa sobre política no Brasil é uma conversa pseudo-política, obcecada na realidade com a questão da honestidade pessoal. É claro que não tenho nada contra a fiscalização e a punição de casos de corrupção, mas no Brasil nós acabamos transformando a questão política em questão de polícia, reciclando de certa maneira o slogan nefasto de Washington Luís sobre a questão social nos anos 20. Transferida especificamente para as eleições para deputado e senador, essa preocupação udenista com a falta de honestidade dos deputados faz com que pelo menos 50% dos candidatos ao legislativo apresentem como cartão de visita principal sua honestidade [real ou fingida]. Mas honestidade não basta! E esse gesto familiar de apontar genericamente para um “precisamos escolher melhor nossos representantesnão representa nada. É a versão 2010 do Conselheiro Acácio. Vamos ser específicos? [aguarde parte 4]

Comments

sabina said…
A questão da honestidade é mesmo distração para as questões essenciais.

Antes, acho, o PT se apresentava como honesto e íntegro, contra os políticos fisiológicos. Haveria uma velha direita corrupta, e a nova esquerda honesta.

Minha mãe votou sempre no PT, e desde o mensalão não pode mais ver a cara do Lula que fica nervosa, sente-se traída, chama-o de ladrão.

É difícil argumentar que o mensalação não foi nenhuma novidade exclusiva do PT, e que outras questões do governo Lula são mais importantes.

Por outro lado, é muito difícil justificar os desvios toleráveis (em favor de um projeto de governo) contra aqueles intoleráveis (para enriquecimento individual). Onde está mesmo o limite?

O exercício do bom senso exige olhos fechados em muitas questões, e nem todo mundo se sente confortável nessa geléia de valores.

Vi no jornal algumas críticas à propaganda do PT, que apresenta Dilma como mãe do país, e Lula como o pai. Ok, é um sentimentalismo barato.

Mas alguém consegue realmente ganhar uma eleição sem esses apelos emocionais?
sabina said…
ops, desculpe os erros de digitação.
Entendo muito bem a indignação da sua mãe, mas acho que aquela história toda de honestidade contra venalidade era uma forma de deslocar a discussão do político para o "moral". Acho que o brasileiro em geral não gosta de falar de política, de discutir política. Então fica essa mentalidade de telenovela: tudo se resume sempre a uma questão de caráter.
O problema [universal hoje em dia] é que a política democrática oferece um contraste insuportável entre uma linguagem altamente "idealista" e romântica [que fala de consertar todos os males do mundos e resgatar a dignidade, por exemplo] e uma prática política essencialmente pragmática.
Num país que eleje um presidente X ou Y e um congresso dessa qualidade, nem Maomé, Moisés, Jesus Cristo e Buda juntos!

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema