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Vendedores

Uma vez, há séculos atrás, traduzi um texto de administração de empresas que falava sobre o perfil ideal do vendedor. O bom vendedor precisava de uma grande dose de empatia e de simpatia: ela tinha que ser capaz de entender o ponto de vista do cliente e de transmitir essa sua compreensão ao cliente, que se sentiria assim compreendido e respeitado. Mas esses dois componentes não bastavam. O bom vendedor precisava de um complemento indispensável: o "killing instinct", o instinto assassino que faz com que o ele complete uma venda mesmo quando sua empatia o faça compreender que o que ele está vendendo não é o que o cliente quer ou pode comprar.
Minha experiência com vendedores nos Estados Unidos e no Brasil, principalmente quando de se trata de compras grandes e complexas [casa e carro, por exemplo] tem sido marcada por esse tal "killing instinct" cada vez mais exacerbado, mais irresponsável, mais agressivo.
Esse vídeo que investigadores mostraram no inquérito do congresso americano sobre as políticas fraudulentas das universidades "for-profit" na captação de alunos e de empréstimos governamentais são, para mim, tristemente familiares...

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Iembra também aIgunz evangéIicoz tentando convencer oz outroz atacando pontoz phracoz: você não eztá onde deveria eztar, você é phracazzado, etc.
Qdo fomos comprar um carro aqui procuramos uma concessionária autorizada para tentar evitar o assédio e as trapaças mas não adiantou nada. O cara tinha exatamente a mesma atitude: Vcs querem ou não querem pagar o carro? Mas qto vamos pagar no total? Isso não importa. E por aí vai...
A coisa mais assustadora que vi por aqui foi uma história de pessoas que compram geladeira a prazo, pra revender imediatamente como usado e usar o dinheiro como "empréstimo". Por trezentos reais, assumem 12 prestações somando mais do dobro do valor.

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Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
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 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...