Eu nasci numa época em que era preciso estar sempre com sede de informação. A informação chegava através da televisão com cinco canais, dos cinco jornais [dois de SP, dois do RJ e um local], das revistas, dos discos de vinil e dos livros. O rádio era um deserto com pouquíssima variedade. Não era possível simplesmente pensar num assunto, numa pessoa ou num livro e encontrar informação abundante sobre ele. Todos esses poucos e parcos meios de comunicação eram comprometidos com interesses e tentavam agradar a um monte de públicos diferentes ao mesmo tempo, então às vezes tudo o que eu podia ter era uma nota de um parágrafo durante um ano inteiro. Então eu aprendi a estar sempre atento a tudo e a viver com sede de informação.
Quando eu cheguei à vida adulta o mundo começou a sofrer uma série de transformações que nos trouxeram até aqui: uma abundância aparentemente infinita de informação [e desinformação]. Hoje eu me vejo nem um pouco preocupado com a sede, mas sim com uma abundância desmedida de informação que no final das contas é selecionada e imposta por eminências pardas como Google e Facebook.
Na minha adolescência e primeira infância eu queria sempre passar os olhos por todos os jornais e revistas e livros nas livrarias e na biblioteca do meu pai e queria gravar em fitas cassetes todos os discos que eu encontrava. Agora eu preciso rejeitar essa avalanche de informação que se apresenta disponível na tela do computador. Fechar janelas e portas e só deixar entrar aquilo que realmente [peço desculpas pelo linguajar antiquado] me alimente o espírito. Definitivamente recusar o lixo, as tosqueiras e as imbecilidades que são tantas nessa avalanche. Recusar silenciosamente todas as chantagens emocionais e manipulações grosseiras, mesmo que às custas de recusar também coisas interessantes que ocasionalmente vêm.
Viver um espaço cheio de silêncio e serenidade. Onde eu possa ler muito, todos os dias, com calma e atenção, coisas instigantes e inteligentes. Onde eu possa cuidar de um jardim e tomar um pouquinho de sol. Onde eu possa escrever tranquilamente sobre o que eu quiser, com calma. Aqui, às moscas.
Quando eu cheguei à vida adulta o mundo começou a sofrer uma série de transformações que nos trouxeram até aqui: uma abundância aparentemente infinita de informação [e desinformação]. Hoje eu me vejo nem um pouco preocupado com a sede, mas sim com uma abundância desmedida de informação que no final das contas é selecionada e imposta por eminências pardas como Google e Facebook.
Na minha adolescência e primeira infância eu queria sempre passar os olhos por todos os jornais e revistas e livros nas livrarias e na biblioteca do meu pai e queria gravar em fitas cassetes todos os discos que eu encontrava. Agora eu preciso rejeitar essa avalanche de informação que se apresenta disponível na tela do computador. Fechar janelas e portas e só deixar entrar aquilo que realmente [peço desculpas pelo linguajar antiquado] me alimente o espírito. Definitivamente recusar o lixo, as tosqueiras e as imbecilidades que são tantas nessa avalanche. Recusar silenciosamente todas as chantagens emocionais e manipulações grosseiras, mesmo que às custas de recusar também coisas interessantes que ocasionalmente vêm.
Viver um espaço cheio de silêncio e serenidade. Onde eu possa ler muito, todos os dias, com calma e atenção, coisas instigantes e inteligentes. Onde eu possa cuidar de um jardim e tomar um pouquinho de sol. Onde eu possa escrever tranquilamente sobre o que eu quiser, com calma. Aqui, às moscas.
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P.s.: só de escrever isso num comentário de blog e não nas caixas de comentários do feicy já é um alívio.