Só
me importa o que não leva a nada
São meus esses desertos
vibrando sob os dedos do amor.
É minha essa aranha miúda
que vai tecendo minha desventura.
São meus os semeadores da confusão
que arde nas minhas entranhas aqui agora.
São meus esses linchadores do espírito
me esperando atrás da porta.
Mas hoje só me importa o que não leva a nada:
Um raio de sol que se enfia pela cortina;
uma florzinha teimando na racha do asfalto;
um olhar atento de bebê, alheio a nostalgias e previsões;
todas as emoções dissolvidas na desarticulação da pré-história
onde não existe palavra.
Enfim, todas as memórias inconsequentes.
Hoje só me importa o que não leva a nada.
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