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Feliz aniversário, Marx!

Ouvi falar que hoje é aniversário de Marx. O cinco de maio era até hoje mais do que nunca a comemoração da fantástica vitória dos mexicanos contra os invasores franceses, data importante para toda a América Latina. Devemos a Juárez a interrupção de um processo de recolonização que prometia transformar a América Latina nos moldes da África do século XIX. Aqui nos Estados Unidos a festa é meio estragada pela determinação de um banco de panacas de aproveitá-la para uma micareta meio sem noção - branquelos com sombreiros enchendo a cara de tequila, muitos dos quais amanhã vão estar celebrando as deportações em massa e a construção do muro do trumpete.

Apesar de ter lido um bocado de Marx, não sou desses que acham que todo mundo precisa ler Marx. Mesmo porque muitos lêem o autor de O Capital como lêem outros textos clássicos, indiretamente, quando lêem outros vários escritores que leram e estudaram Marx e escreveram inspirados, motivados ou formados por Marx. Ler Marx assim eu também li bastante. Agora, para se dizer marxista, acho que é preciso ler e estudar Marx mesmo. De qualquer maneira cada um vai chegar no texto com as suas perguntas específicas e por isso sair da leitura com coisas diferentes. Já que hoje é dia de celebrar Marx fico com um trecho maravilhoso de O Capital que desmonta de cara muitos preconceitos superficiais sobre o livro e sobre o autor e sua obra:

"Uma aranha desempenha operações que se parecem com as de um tecelão, e a abelha envergonha muito arquiteto com a construção da sua morada. Mas o que distingue o pior dos arquitetos da melhor das abelhas é que o arquiteto imagina sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo de trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera, ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira."

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