Skip to main content

Notas sobre palestra do Professor Lewis Gordon na Universidade de Oklahoma

Minhas notas sobre a palestra de Lewis Gordon
•A voz é a marca da visibilidade. Porque só tem voz quem é escutado por alguém. Ter voz é ter poder, porque o poder é a capacidade de fazer as coisas acontecerem. E ser escutado é um acontecimento importante.

•São inúmeros os exemplos de escritoras mulheres que centram suas atenções na questão de ter voz e serem ouvidas.

•Entretanto, o verdadeiro jogo do poder é jogado por aqueles que têm a prerrogativa de ouvir ou ignorar as vozes que circulam em volta deles. Dois gestos de poder são para mim complementares: conceder a voz a alguém [oferecendo a possibilidade de assimilação a esse alguém] ou ignorar a voz de alguém [exercendo o fechamento epistemológico contra esse alguém]. 

•O fechamento epistemológico é nomear o outro como o desumano monstruoso, ou o primitivo que já passou seu prazo de validade [aquilo que pertence ao passado morto], ou o mudo que não consegue articular lé com cré.

•É assim que nos educamos e instruímos aos nossos pares sobre como não escutar os outros.

•É assim que se evita para sempre tocar em certos assuntos que são considerados desagradáveis pelos poderosos, porque certos assuntos colocam em evidência privilégios e discriminações que podem mobilizar os injustiçados a lutar por justiça.

•É assim que transformamos a má-fé numa nuvem tóxica transparente. Fingir que ela não existe não a torna menos letal. Pelo contrário.

•É assim que se transforma seres humanos em problemas a serem eliminados ou mantidos a distância.

•Nomear é sempre um ato coletivo e impessoal [feito de um grupo social em relação a outro], mas nomear sempre parte de uma posição afetiva estruturante: ou partimos de uma posição de amor que busca proteger e fazer florescer ou partimos de uma posição de ódio que busca silenciar ou mesmo exterminar o que se nomeia.

•Todas as instituições que conhecemos nas Américas foram construídas a partir de um fechamento epistemológico de corte racista e/ou sexista.

•Falamos a partir e em nome dos nossos antepassados. Devemos a eles justiça.

Comments

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema