Minhas notas sobre a palestra de Lewis Gordon |
•São inúmeros os exemplos de escritoras mulheres que centram suas atenções na questão de ter voz e serem ouvidas.
•Entretanto, o verdadeiro jogo do poder é jogado por aqueles que têm a prerrogativa de ouvir ou ignorar as vozes que circulam em volta deles. Dois gestos de poder são para mim complementares: conceder a voz a alguém [oferecendo a possibilidade de assimilação a esse alguém] ou ignorar a voz de alguém [exercendo o fechamento epistemológico contra esse alguém].
•O fechamento epistemológico é nomear o outro como o desumano monstruoso, ou o primitivo que já passou seu prazo de validade [aquilo que pertence ao passado morto], ou o mudo que não consegue articular lé com cré.
•É assim que nos educamos e instruímos aos nossos pares sobre como não escutar os outros.
•É assim que se evita para sempre tocar em certos assuntos que são considerados desagradáveis pelos poderosos, porque certos assuntos colocam em evidência privilégios e discriminações que podem mobilizar os injustiçados a lutar por justiça.
•É assim que transformamos a má-fé numa nuvem tóxica transparente. Fingir que ela não existe não a torna menos letal. Pelo contrário.
•É assim que se transforma seres humanos em problemas a serem eliminados ou mantidos a distância.
•Nomear é sempre um ato coletivo e impessoal [feito de um grupo social em relação a outro], mas nomear sempre parte de uma posição afetiva estruturante: ou partimos de uma posição de amor que busca proteger e fazer florescer ou partimos de uma posição de ódio que busca silenciar ou mesmo exterminar o que se nomeia.
•Todas as instituições que conhecemos nas Américas foram construídas a partir de um fechamento epistemológico de corte racista e/ou sexista.
•Falamos a partir e em nome dos nossos antepassados. Devemos a eles justiça.
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