Desenho meu: Caveiras |
Glória da ciência
nacional
Já estavam quase
aprendendo
a viver quase sem comer
quando
vieram a falecer,
deixando pra trás aqueles
que,
sem poder provar
doces sonhos de consumo,
compraram com arma na mão
e disposição na cabeça
a paixão em Neves
em quatorze passos
penitenciários
onde, antes de
aprender
a doçura da miséria sem
traumas,
também vieram a falecer,
mas não sem prover
entre montanhas de decapitados
e colchões queimados
a bucha desse ajustamento
duro,
o consenso asmático do
medo
crasso, violento, diário,
banal,
nossa identidade
de quinhentos anos,
nosso sorriso de esfinge
reiterando doce
e gentilmente
que “tem que matar”
já que o bom mesmo é o morto.
Com a cabeça
na mão
e as ideias enterradas
na areia fresca da praia,
fazemos as pazes
vivendo em guerra
conosco,
querendo não aprender
todas as vidas moídas
da cana ao grão que adoça
o amargo
quente do café, descendo
garganta abaixo depois do
jantar.
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