Morando fora do Brasil há muito tempo, tenho que ser proativo para conhecer as novas ondas musicais que antes me chegavam por osmose, no restaurante, no táxi, na fila do banco etc. Assim, com aquele atraso tradicional, fui escarafunchar Marília Mendonça, Maiara e Maraísa e Simone e Simaria pelo iutúbio adentro. Escutei tudo o que havia, até entrevistas diversas. Não faz muito tempo falava com os meus amigos de grupo de leitura da segunda-feira sobre como admirava especialmente Marília Mendonça, recebi apoio entusiasmado de um ou dois e indiferença polida dos outros que, ou não conheciam, ou não gostavam do estilo - com todo o direito, aliás. Compartilhei na época um punhado de músicas que achava legais. Essa é uma das minhas favoritas:
Não gostava para nada da geração que se seguiu ao primeiro estouro do sertanejo. Achava Leandro e Leonardo e Zezé di Camargo, por exemplo, umas porcarias que misturavam o pior do Roberto Carlos com um pastiche ridículo de Country. Depois daquela música do fio de cabelo não gostei mais de quase nada que fizeram Xitãozinho e Xororó. O pessoal do pagode, em geral, era bem melhor, mesmo aquelas músicas de dancinha de bunda. Ouvi da boca de alunos há uns anos um certo entusiasmo com o que chamam de sertanejo universitário. Senti o mesmo entusiasmo que eu tinha quando era adolescente, não apenas com Legião Urbana ou Paralamas do Sucesso ou Titãs, mas com outras coisas bem fajutas que estavam na moda no mesmo momento. A adolescência conta para esse entusiasmo, é claro. Mas suponho que sempre aparecem um Cazuza e um Dinho Ouro Preto em qualquer nova onda da indústria cultural. Claro que Marília Mendonça era mulher e de Goiás, e tudo isso conta contra, conscientemente ou não, para muita gente. E claro que não se deve esperar de música na indústria de massa alguma coisa como uma adaptação de um poema concreto ou uma outra citação sofisticada qualquer. Mas ela era muito boa cantora e compositora e tinha uma voz e uma presença muito bacana. Vai me fazer falta.
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