Morreu também Nelson Freire - não pode haver nada mais diferente no mundo da música. Para mim ele era, em primeiro lugar, o pianista preferido da minha sogra, que é uma pianista muito boa. Ela era entusiasmada com Nelson Freire ao ponto de - já com oitenta anos e mais de dez pontos na perna por causa de um acidente caseiro - ir de trem para Nova Iorque só para assistir mais uma vez Nelson Freire tocar. Nós morávamos na época no estado vizinho e a viagem de trem até Manhattan dura mais ou menos duas horas.
Nelson Freire é meu companheiro de estudo, leitura e escrita com os noturnos de Chopin, que ele gravou divinamente. Eu até fiz um CD para a minha sogra em que intercalava as interpretações dele com as de Cláudio Arau, também maravilhosas. Além disso tem o filme maravilhoso do João Moreira Salles, tão delicado e rigoroso quanto o pianista que retratava com veneração.
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