Essa mania de pedir perdão sem fazer patavinas sobre as injustiças pelas quais as deculpas são pedidas é um horror. Aliás, eu quero logo pedir desculpas pelo conteúdo desse blogue e por quaisquer erros de gramática que ele contiver. Aproveito para pedir perdão à todos os professores que ignorei ou ofendi antes de virar professor e compreender a corda bamba em que andamos no picadeiro da sala de aula, à minha esposa e meu filho por ser um ser humano bem ordinário em seus defeitos e qualidades e finalmente à minha mãe por ter nascido, causando naquela pobre senhora terríveis dores no parto. Enfim, como dizemos às vezes nós mineiros quando nos despedimos de alguém em um arroubo de penitência previdente: "Desculpe qualquer coisa!"
Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...
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