Quem não gosta de chuva? Eu quando vivia em Belo Horizonte ficava sempre esperando o final de novembro chegar, só para ver o céu ficar cor de chumbo quase preto e de repente a chuva desabar, aliviando o calor e limpando a cidade. Em Belo Horizonte a estação das chuvas funcionava para mim como o outono ou a neve do inverno em um lugar mais frio: era a hora em que a natureza [no sentido mais visceral da palavra] resolvia dar as caras e nos lembrar que somos: um bando de formiguinhas zanzando para lá e para cá crentes que são as donas do mundo.
Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia,
que pertence a menos gente
mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia
foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.
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Gostei do seu blog.