Mal abre a boca o sujeito faz já
quatro coisas de uma vez:
primeiro fala sempre dele mesmo
e do lugar de onde ele vem;
fala também da vida que acontece
da boca pra fora,
esse lugar onde a gente nasce, vive e morre;
também mexe com quem escuta,
mas não pelo que se diz daqui
e sim pelo que se ouve lá
do outro lado
onde a gente nunca vai;
e finalmente borda
com som as letras,
com letras palavras,
e com sons, letras e palavras
um tipo de música sutil,
que às vezes transborda,
mas quase sempre não.
Mal abre a boca o sujeito.
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