Skip to main content

Posts

Showing posts from June, 2009

Casualidade ou fatalidade?

fonte: blogue Sobre Fotografias Um fragmento de "Arabescos" de Joaquín Bartrina Sale un hombre a la calle y, no os asombre, una piedra sobre él cae y le arredra: 10 ¿cae la piedra cuando pasa el hombre?, ¿o pasa el hombre cuando cae la piedra? Resolvedme problema tan profundo, y creeré, os lo aseguro muy sincero, en la casualidad, si es lo primero, 15 en la fatalidad, si es lo segundo.

Diário da Babilônia - Terrorismo Made in USA

Em abril deste ano o departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos divulga relatório advertindo que as condições atuais lembram muito aquelas do começo dos anos 90, quando um aumento nas atividades de grupos de extrema-direita culminou no atentado à bomba de Oklahoma City que matou 168 pessoas e feriu mais de 600. O relatório causou protestos indignados da direita americana, acostumada a acusar os outros mas não de ser acusada de terrorismo. Em maio Dr. George Tiller foi assassinado por um militante anti-aborto em Wichita e agora em junho um guarda do Holocaust Memorial Museum [que fica a dois quarteirões da Casa Branca] foi morto por um militante de 88 anos de idade. Corram para as colinas!

Nunca tinha pensado nisso

Victor Fleming dirigiu em um mesmo ano [1939] "O mágico de Oz" e "E o vento levou". Lendo sobre esse hoje esquecido "Spielberg" dos anos de ouro de Hollywood, me deparei como uma qualidade importante para diretores de cinema na qual eu nunca tinha pensado: "Fleming had learned something essential (...) how to position a performer within the frame and time his performance in such a way that the camera brought out his temperament and his strength. This would seem an essential skill for any filmmaker, yet a surprising number of directors, obsessed with visual expressiveness, are inattentive to it. Fleming didn’t give detailed instructions to his actors; rather, he talked about the character, and located and enlarged a set of defining traits—a strain of feeling or humor—in whomever he was working with. Then the actors, working intimately for the camera, performed what in effect were idealized versions of themselves, creating a persona that connected with ...

Blogues Chatos

"Gente, hoje a noite vou estar inaugurando a exposicao de figurinhas do meu filho na casa do amigo dele, Geraldinho, e amanha quem puder apareça la no bar do juju para a festa de lançamento do meu novo projeto - surpresa o nome ainda. Ah, Fabiolo: aquele lance continua de pe, ok?"

Daniel Sada sobre escrever

Entonces, ¿por qué escribe? ¡Escribo porque es un reto! Yo escribo por entusiasmo. Mi acceso a la literatura es con un goce y un placer absoluto. No escribo por desesperación ni por angustia ni porque me sienta en la incertidumbre de no entender el mundo. Yo creo que el acto creativo tiene que ser absolutamente gozoso. De pronto, claro, el gozo se permea con la angustia, con las bajas pasiones, con todo lo feo y lo horrendo del ser humano, pero ante todo está el gozo. Un creador necesita como premisa establecer una pasión gozosa. http://www.revistaenie.clarin.com/notas/2009/02/14/_-01858528.htm

Reciclando

Mote: Fernanda Montenegro disse em entrevista que “a única opção para fugir do envelhecimento é a morte.” Glosa: Ponha um ponto final no envelhecimento. Você detesta envelhecer, não é mesmo? Você luta com as forças que tem, faz de tudo, mas nada parece capaz de realmente parar o tal do envelhecimento, não é mesmo? Cada pequena vitória contra o dragão da velhice não passa de uma ilusão fugaz que se desfaz em um par de anos, não é mesmo? Não demora muito e as águas do tempo vêm e levam embora as barragens que construímos com tanto zelo e aí só nos resta o espelho implacável a nos dizer que mais uma vez perdemos… Quem não daria tudo para dar um fim definitivo a esse terrível processo de enfeiamento: os músculos cada vez mais flácidos, as gorduras cada vez mais despudoradamente localizadas, as rugas cada vez mais fundas, as papadas despejando-se em dobras, os cabelos caindo aos tufos ou embranquecendo ou então migrando misteriosamente para dentro de orelhas e narinas cada vez maiores? Pois...

My Last Duchess

Robert Browning (1812-1889) escrevia uma poesia vitoriana difícil e pesada, cheia de versos cortados em enjambements e sentenças longuíssimas. Browning teve uma grande sacada que usou nos seus melhores poemas: inventar personagens complexos [geralmente figuras históricas mais ou menos obscuras] e escrever então monólogos dramáticos, nos quais esses personagens/vozes poéticas vão se revelando ao leitor aos poucos. Nesse "My Last Duchess" o leitor em atirado en media res [em plena ação] quando o Duque de Ferrara recebe um emissário da família da sua noiva, a "next duchess" e exibe um retrato pintado da falecida duquesa, a do título, que ele mantém coberto com uma cortina que só ele pode abrir. Segue um estudo do orgulho, dos ciúmes e da prepotência doentios do tal duque, uma figura meio “barba azul”. My Last Duchess FERRARA 1 That's my last Duchess painted on the wall, 2 Looking as if she were alive. I call 3 That piece a wonder, now: Frà Pandolf's...

Joaquín Bartrina

Casos comunes Joaquín Bartrina Juan envidia de Bruno la nobleza y Bruno a Juan envidia la riqueza; ambos envidian a Luis la calma, y éste envidia a los dos, con toda el alma, honores y fortuna ¡qué simpleza! 5 Bruno con lo de Juan feliz sería, Juan sería feliz con lo de Bruno; lo de Luis a los dos contentaría y a Luis feliz lo de los dos haría; ¡y con lo propio no es feliz ninguno! 10 Podemos deducir de esos extremos que, de la vida atados en el potro, felicidad es lo que no tenemos. Tal vez mejor diremos: felicidad es lo que tiene el otro. 15

Prosa Minha - Fragmento de Conto

4 Não, essa voz não é tua. Paulo Henriques Britto Só muito tempo depois, depois que as duas irmãs viúvas e todos os meus irmãos morreram e foram enterrados; depois que eu passei do inferno da dor aguda ao purgatório da dor crônica e depois que a morte como idéia, abstrata, transformou-se nessa morte que desabrocha do corpo, concreta, é que eu voltei ao Brasil e vim parar aqui no Rio, de onde, de certa forma, eu nunca saí. Agora o Rio é meu, tão meu como de quem nunca tirou os pés daqui. Agora, livre da vulgaridade autoritária da memória do dia-a-dia, a beleza radiante dessa cidade se revela, generosa. Agora, velho, sou um mosaico desajeitado feito com cacos de toda essa gente que encobre delicada como a sombra de uma fumaça esguia todos esses fragmentos esparsos da minha cidade, que em mim adquirem uma unidade tenebrosa e profunda. Tenho as mãos e os cabelos do meu pai, os olhos e a boca da minha mãe, os pés do tio Chico, tiques dos meus quatro avós, pequenos gestos dos meus quatro irm...

Dúvida Cruel

Leio os comentários dos jornais online e no youtube e, entre um sujeito que acha que o ABBA é o máximo da música ocidental e outro que, revoltado com a violência, prega suplícios e torturas das mais hediondas contra os “bandidos”, eu fico pensando: será que os doidos sem-noção são super-representados no mundo da internet ou será que o cidadão comum mediano é mesmo tipicamente demente?

Porque eu gosto de ler coisas a esmo

James Wood escreve sobre V.S. Naipaul numa resenha sobre biografia recente sobre o mesmo: "a combination of conservative vision and radical eyesight" >>>> Eu penso comigo mesmo: que frase perfeita para explicar Nelson Rodrigues!

Diário da Babilônia - Creative Writing

Existem 822 programas de "creative writing" nas universidades dos Estados Unidos, 27 deles concendendo PhD. É uma máquina que cresce ainda vigorosamente e há quem pense que toda a ficção da segunda metade do século XX para cá nos Estados Unidos foi, de alguma forma, influenciada por esses programas. Ensinaram ou tiveram aulas neles Thomas Wolfe, Robert Frost, John Barth, Robert Coover, Donald Barthelme, E.L. Doctorow, Toni Morrison, Joyce Carol Oates, Raymond Carver, Andrés Dubus, Tillie Olsen, Alice Sebold, Kurt Vonnegut, Philip Roth. Enfim, parece que é mais fácil citar algum escritor que não tenha feito parte desse sistema do que o contrário. Esses programas partem da premissa de que oficinas de escrita dentro de universidades podem ensinar uma pessoa a escrever. Eu, cá do meu canto, acho difícil que uma instituição tão "sistemática" [nos dois sentidos da palavra], que tem uma cultura fortíssima de conformidade, possa ensinar as pessoas a serem criativas. Quando ...

Imaginar é de gratis

Imagino que um dia Zé Ramalho resolveu reescrever a letra de uma xaropada lacrimosa que atende pelo nome “Amigo é pra essas coisas”. E aí imagino que ela foi gravada pelos Titãs, na época em que eles eram um monte de cantores que berravam sempre a mesma coisa com sotaque de robô paulista - Salve! - Tome um cabral - Pra frente é que se anda - Se vê depois - Posso sentar um pouco? - Um ano ou mais... - A vida é um dilema - Nem sempre vale a pena... - Pô... - E o l´argent? - Não sei quando eu lhe pago - Mas não se vê no rosto - Garçom, mais dois - Deus é bom - Mas não foi bom pra mim - Dei mais sorte com a Beatriz - Triste - É sempre assim - Eu desejava um trago - Também sofri - Minha memória é fogo! - Faça o favor - Na morte a gente esquece - Você está mais velho - É - Vida ruim - Você está bem disposto - Meu Deus, por quê? - Rosa acabou comigo - Pode ser... - Você foi mais feliz - Todo amor um dia chega ao fim - Pois é - Amigo, há quanto tempo! - Você se lembra dela? - Não - Lhe apresen...

Diario de Tenochtitlán 6

Huitlacoches são deliciosos cogumelos que são cultivados na espiga do milho. Parecem trufas, divinas trufas com pedacinhos de milho. Esses pastelzinhos [quesadillas] com huitlacoches refogados são uma maravilha!!! E são uma das várias delícias culinárias mexicanas que, ao contrário do que muita gente pensa, não tem pimenta.

Diario de Tenochtitlán 5

San Ángel é um exemplo de uma das coisas mais fascinantes da cidade do México: cidadezinhas coloniais que foram engolidas mais não destruídas pelo monstro de 20 milhões de habitantes. Você sai de uma avenida imensa super-movimentada e genericamente feia e de repente lá estão as ruas de pedra, as casas do século XVI e XVII, as igrejas barrocas, os restaurantes com mesas debaixo de árvores, as feirinhas na praça, as ruelas estreitas.

Diario de Tenochtitlán 4

Juana Inés de la Cruz nasceu em 1651 e desde pequena mostrou grande vocação para a vida intelectual. Acabou monja carmelita mas não aguentou a disciplina severa que lhe proibia ler e escrever e passou para a ordem das Jerónimas. Vira administradora de um convento, digamos VIP, onde mora numa "cela" de dois andares com direito a monja assistente para cozinhar e arrumar a casa. Lá escreveu a obra impressionante: começou com uma tal carta atenagórica em que chama na responsa nada mais nada menos que Antônio Vieira e sua concepção do amor. Tem as obras completas [poesía, teatro , ensaios] publicadas em vida tanto na Espanha como no México. Quando o barroco sai de moda, a obra de Sor Juana é pichada, mas o século XX recupera sua figura com juros e correção monetária. O convento, no centro velho da cidade, foi transformado em campus de uma universidade privada, a Universidad del Claustro de Sor Juana, considerada por muitos a melhor instituição privada do México. O campus é bonito ...

Diario de Tenochtitlán 3

A UNAM é uma universidade imensa com um campus cheio de prédios ousados como o da Biblioteca Central [foto]. Além disso me chama a atenção o fato de que a universidade tem um excelente time de futebol, o Pumas, que acaba de ganhar o clausura, um torneio importante [já imaginaram um estádio lotado para assistir a uma final entre Palmeiras e... USP?] Nesse campus qualquer um se perde com a maior facilidade porque as expansões do campus transformaram os prédios antigos das faculdades em prédios administrativos e construíram outros prédios maiores em volta, além de um complexo de teatros, museus, etc. Todo o canto está sempre cheio de carros estacionados, gente passando, ônibus, vendedores. Hoje dei a primeira aula da cátedra Guimarães Rosa para um grupo animado e muito receptivo. Enfim, sobrevivi. Amanhã tem mais...

Diario de Tenochtitlán 2

O Fondo de Cultura Económica é um editora poderosíssima no México, de um tamanho e de uma envergadura que editora nenhuma no Brasil. O FCE tem um aspecto canonizador também: tudo de literatura mexicana que é publicado no FCE e mais o monte de coisas que eles publicam da América Latina, especialmente em ciências humanas, recebe uma espécie de selo de distinção. O FCE também tem uma rede de livrarias bem legais - inclusive uma em SP que eu não conheço. A favorita das que eu conheço é essa da foto: A Rosario Castellanos [cada livraria do FCE é dedicada a um autor mexicano]. Nas fotos que eu tirei [clicando nelas dá para ver melhor] dá para ver ela de fora - é um prédio antigo transformado em livraria - e de dentro. Tirar fotos das coisas quando a gente viaja sozinho é um espeto - tem que sempre tomar ciudado para algum desconhecido não pensar que a gente é um tarado ou espião...

Diário de Tenochtitlán 1.5

A imagem que não apareceu:

Diário de Tenochtitlán 1

Cheguei à noite na Cidade do México e, cruzando a cidade na noite de domingo, me chamou a atenção os outdoors de campanha do PSD: um a favor da legalização das drogas e outro a favor da legalização do aborto.