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Narrador Monstruoso

Uma só cabeça e vários tentátulos, várias pernas tentáculos que se assentam em terras diversas e variados e variados mares, deles sugando o que podem oferecer e ofertando o produto à cabeça de um olho ciclópico, montada em um dorso gigantesco de onde saem braços, de onde saem mãos que selecionam caminhos pelas teclas do computador. A cabeça vive dilacerada pelos tentáculos que se distanciam em busca de novos apoios. Cada novo apoio, se não for uma caravela, é uma terra, se não for uma terra, é uma caravela. Se não for caravela ou terra, é uma tela de computador a ser preenchida.

Silviano Santiago, Viagem ao México

Comments

Anonymous said…
Um surrealismo onírico, o do Silviano. Visualizei uma chave dicotómica de orgãnicos e industriais clonados num ser mutante gigante que não cheira bem e faz um zunir ruidoso em "bruá" de fundo. Angustiou-me. A si, não?

Teresa
Tão angustiado que quase desisti de ler o livro [Viagem ao México] em que o narrador é exatamente esse monstro.
Anonymous said…
I'll skip that one then...

Teresa

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