"O mundo do respeito pela privacidade é também o mundo da frieza e da indiferença (na Alemanha), ou do pânico em face do outro (nos Estados Unidos). A histeria contra o cigarro, o cuidado obsessivo com a comida (cf. o conceito surrealista de organicfood, que ninguém questiona), a prevenção exagerada contra o álcool, o asceticismo lingüístico (que faz contar piadas tão difícil), o sorriso ubíqüito, a idealização da família nuclear como espaço de realização plena dos afetos, o café descafeinado - tudo isso conota a horror estadounidense diante do que é diferente, daquilo que tem substância, que aponta para uma forma de gozo, que fere o instinto de auto-preservação. (....) Mas é claro que o importante aqui não é louvar a nossa barbárie como se ela fosse superior à pureza frieza e ao medo, mas sim tentar vislumbrar a utopia que surgiria do confronto desses negativos."
Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia,
que pertence a menos gente
mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia
foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.
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