[foto: capa do JB sobre a Marcha da Família com Deus pela Liberdade que inspirou Lacerda a dizer: "São Paulo começou a salvar o Brasil". Note que, de acordo com as manchetes, o governo pressiona o congresso e ameaça o regime democrático, defendido pelos que denunciavam as tendências totalitárias do governo de Jango e pediam os tanques "democráticos" nas ruas. Como resultado, fomos governados 20 anos pelos militares.]
Em 1955 Carlos Lacerda divulgou no Tribuna de Imprensa carta atribuída a um deputado argentino peronista ao então ministro do Trabalho João Goulart com referências ao contrabando de armas entre os dois países e à organização de uma república sindicalista no Brasil. O episódio ficou conhecido como Carta Brandi, mais uma da longa tradição de cartas, dossiês e documentos falsos que movimentam de tempos em tempos a política brasileira. Ainda que a assinatura da tal carta fosse comprovada como sendo falsa e a carta como forjada, o termo “república sindicalista” ficou e passou a fazer parte dos discursos exaltados da UDN, que finalmente conseguiu o que queria, uma intervenção militar para corrigir os resultados das urnas, em 1964.
Esse refrão sinistro apareceu de novo num dos últimos discursos furibundos de ACM no senado e agora na campanha eleitoral. A persistência desse tipo de retórica no discurso político – outro lacerdismo ressuscitado não faz muito tempo foi o tal “mar de lama” – num ano em que concorrem à presidência da república três candidatos que nada têm a ver com o regime militar me parece, na menos pior das hipóteses, uma escolha infeliz.
Em 1955 Carlos Lacerda divulgou no Tribuna de Imprensa carta atribuída a um deputado argentino peronista ao então ministro do Trabalho João Goulart com referências ao contrabando de armas entre os dois países e à organização de uma república sindicalista no Brasil. O episódio ficou conhecido como Carta Brandi, mais uma da longa tradição de cartas, dossiês e documentos falsos que movimentam de tempos em tempos a política brasileira. Ainda que a assinatura da tal carta fosse comprovada como sendo falsa e a carta como forjada, o termo “república sindicalista” ficou e passou a fazer parte dos discursos exaltados da UDN, que finalmente conseguiu o que queria, uma intervenção militar para corrigir os resultados das urnas, em 1964.
Esse refrão sinistro apareceu de novo num dos últimos discursos furibundos de ACM no senado e agora na campanha eleitoral. A persistência desse tipo de retórica no discurso político – outro lacerdismo ressuscitado não faz muito tempo foi o tal “mar de lama” – num ano em que concorrem à presidência da república três candidatos que nada têm a ver com o regime militar me parece, na menos pior das hipóteses, uma escolha infeliz.
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Abraços.