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A crise de que estou falando aqui não diz respeito ao sistema de research universities [universidades que mais do que formar profissionais faz pesquisa, gera conhecimento]. Mesmo no terreno da formação de profissionais, estou falando de um sistema relativamente novo nos Estados Unidos, porque que essa participação mais ativa desse tipo de instituição privada com fins lucrativos é recente: eles mais que dobraram o seu número de matrículas de 1998 a 2008.
O sistema educacional que levantou e consolidou a liderança americana em pesquisa e assim a hegemonia americana era bem diferente, tendo baseado a sua expansão fenomenal no período após a Segunda Guerra Mundial em sistemas estaduais públicos - não necessariamente gratuitos.
Mas crescimento dessas instituições privadas caça-níqueis [que buscam auferir lucros com as mensalidades menos os custos da infraestrutura, dos funcionários e do professorado] não deve ser dissociado da crise desses sistemas públicos, simbolizada pelo colapso eminente do sistema na Califórnia. Vemos aqui os efeitos da mesma cartilha fundamentalista que acha que o setor privado com fins lucrativos faz qualquer coisa melhor do que o estado ou iniciativas que não visam ao luvro, a mesma cartilha que deixou soltos os tubarões de Wall Street até que eles dessem no quase colapso não apenas do sistema financeiro mas da economia inteira.

Comments

sabina said…
puxa... então o prouni está na vanguarda! =)

não sei se você tem acompanhado... a idéia é: já que o estado vai incentivar a educação superior através de um sistema privado de baixa qualidade, então que ele custe o menos possível!
Pois é, Sabina, a minha idéia é justamente chamar a atenção para os perigos desse sistema, mesmo como formador de profissionais. Aqui nos Estados Unidos os estados têm retirado o apoio às universidades estaduais, forçando-as a aumentar as mensalidades para tentar tapar o buraco. Com isso a universidade de qualidade vai ficando cada vez mais inacessível às pessoas mais pobres aqui - sou capaz de apostar que tem muita gente agora morrendo e matando no Iraque e no Afganistão para conseguir financiamento para estudar na universidade [se sobreviver].
outro problema do sistema é o tipo de cursos, não só a qualidade.

as universidades particulares se concentram em cursos baratos, ou seja, que precisam apenas de professores e livros. por isso o exagero na área de humanas (direito, administração, publicidade, etc)

já a área de saúde, que tem muito mais empregos (se considerarmos que o interesse dos alunos seria esse), mas esses cursos são raros.

forma-se muita gente para nada.
A hora da verdade é o momento em que o sujeito sai com o diploma debaixo do braço e dá com a porta na cara. Aí não há eufemismo que disfarce a farsa.

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