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Melancolia do Futuro?

[Ilustração: Edvard Munch, Melancolia, 1891]

“Chesterton escreveu certa vez que – ‘as melhores coisas não viajam’. Mas brevemente não haverá mais nada que não viaje. Pois se nós não podemos viajar, o mundo viaja para nós. Brevemente não haverá mais necessidade de viajar. Teremos o mundo inteiro ao alcance da mão. Em nosso quarto de estudo. Não apenas gutemberguizado, reduzido a pasta de papel e tinta de typographia, mas em sons e em imagens e quem sabe em tacto tambem. O mundo todo à mão. Sem nenhum esforço. Mais facilmente que na alegoria do “Mandarim”. E nesse dia o homem morrerá de inercia, por excesso de actividade."


Trecho de “Melancolia da crítica” de Tristão de Atayde de 1930

Comments

sabina said…
Ah, mas é tão ruim assim?
Viajar, não sei... não é tanto como se promete.
Mas talvez eu diga isso porque nada parece novo, e o mundo todo está meio igual.
Como quase tudo nessa vida, Sabina, suponho que tenha um lado bom e outro ruim e que pra gente que está aqui agora seja difícil dizer qual dos lados tem mais peso. O que me chama atenção no trecho é o tom profético num texto dos anos 20! Ele parece ser contra a viagem e dizer que nós estaríamos viajando "compulsoriamente" por causa das técnicas de comunicação modernas. Eu, que vivo longe do meu canto, dou graças de viver numa época em que posso falar sempre com os meus, ler os "jornais" e, de certa forma, estar no Brasil estando aqui em cima.

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