[Ilustração: não, não é um flagrante da linda festa de comemoração dos 90 anos da Folha de São Paulo. É só um quadro de George Condo, pintor que, por incrível que pareça, nunca esteve na redação de qualquer jornal brasileiro e nem sequer em Brasília.]
Trecho do discurso de Dilma Roussef no aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo:
“Um homem que é referência para toda a imprensa brasileira. Octavio Frias de Oliveira foi um exemplo de jornalismo dinâmico e inovador. Trabalhador desde os 14 anos de idade, Octavio Frias transformou a Folha de S.Paulo em um dos jornais mais importantes do nosso país. E foi responsável por revolucionar a forma de se fazer jornalismo no nosso Brasil.
Soube, por exemplo, levar o seu jornal a ocupar espaços decisivos em momentos marcantes da nossa história, como foi o caso da campanha das Diretas-Já.”
Segue abaixo um exemplo cabal dessas posições decisivas tomadas pelo jornal em momentos marcantes da nossa história. Trata-se de trecho de matéria publicada numa sexta-feira, 20 de março de 1964, 20 anos antes das Diretas Já:
“A disposição de São Paulo e dos brasileiros de todos os recantos da patria para defender a Constituição e os principios democraticos, dentro do mesmo espirito que ditou a Revolução de 32, originou ontem o maior movimento civico já observado em nosso Estado: a "Marcha da Familia com Deus, pela Liberdade".
(…)
Foi a maior manifestação popular já vista em nosso Estado.
O repudio a qualquer tentativa de ultraje à Constituição Brasileira e a defesa dos principios, garantias e prerrogativas democraticas constituiram a tonica de todos os discursos e mensagens dirigidos das escadarias da catedral aos brasileiros, no final da passeata."
São dois lados da mesma moeda, essa cruz que ainda carregamos no Brasil: de um lado a sede insaciável de conciliação no andar de cima do nossa pirâmide social - perde-se um anel do dedo mindinho e assim ficam intactos os dedos - e de outro, a memória seletiva que apaga aqueles momentos em que as gentilezas são postas de lado e pau come solto.
Comments
o que me dói é ver as pessoas defendendo. Puxa vida! Pra tudo tem limite, né? Ficou esse papo de Dilma deu um tapa de luva de pelica! Perdeu-se completamente a noção.
Abraços