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Poesia Mexicana - Alfonso Reyes








[Foto de Halley de Pacheco mostrando Xochipilli, deusa das flores, presente de Alfonso Reyes ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, cujo jardim de cactus mexicanos contou com contribuições do poeta-diplomata mexicano também.]


El-Rey Don Juan VI trajo [O Rey Dom João VI trouxe]

una palmera de Cuba. [uma palmeira de Cuba.]

Para besarle los pies [Para beijar-lhe o pés]

todas las plantas se juntan. [ todas as as plantam se juntam.]


De los indianos lanceros [Dos indianos lanceiros]

–al cielo el morrión de pluma– [–ao céu o seu gorro de pluma–]

las guardias trazan la senda, [as guardas traçam o caminho,]

la senda corre entre juncias. [ caminho que corre entre chufas.]


Las randas de samambaya [Suas rendas de samambaia]

levanta un bambú de alcurnia. [levanta um bambu de estirpe.]

Los democráticos cactos [ Os democráticos cactos]

se entre-palpan con las púas. [se entre-apalpam com seus espinhos.]


Yace un tapiz de nenúfares [Jaz um tapete de nenúfares]

sobre el agua que se oculta, [sobre a água que se oculta,]

pero el água se estremece [mas a água estremece]

sabiendo que está desnuda. [sabendo que está tão nua.]


La hoja del papagayo [A pena-de-papagaio]

de tantos colores muda, [de tantas cores se muda,]

que ya flamea en granates [que hora queima romã]

o llora de nieve pura. [e hora chora neve pura.]


Un hidalgo, el alcanfor; [Um fidalgo, o alcanfor;]

Una villana, la ruda: [ uma plebéia, a arruda:]

Don Alonso, exhala esencias, [Don Alonso, exala essências,] [Don Alonso=Dom Quixote]

Y Aldonza Lorenzo suda. [E Aldonza Lorenzo sua.] [Aldonza=Dulcineia]


Victoria Regia, de bronce [Vitória Régia, de bronze]

ofrece a Moisés la cuna: [oferece a Moisés o berço]

bandeja sobre el estanque, [bandeja sobre o estanque,]

blanca flor toda de bruma. [ branca flor toda de gesso.]


Y hay otras latiniparlas [ E há outras latiniparlas]

como las preciosas cultas, [ como as preciosas cultas,]

hijas de cien apellidos [filhas de cem sobrenomes]

que ni a ellas mismas pronuncian. [que nem a elas sabem a pronúncia.]


Cola de pavo real, [Rabo de pavão real,]

toda la flora fulgura, [toda a flora fulgura,]

y la luz cambia de cálices [e a luz muda de cálices]

como el día de postura. [como o dia de postura.]


De codos en la montana, [ Os cotovelos na montanha,]

señora desde su altura, [senhora desde sua altura,]

con su escuadrón de furrieles [ com seu esquadrão de furriéis]

la noche espera y escucha. [a noite espera e escuta.]


–los pájaros la consigna [-os pássaros a consigna]

gritaban de punta en punta. [gritavam de ponta em ponta.]

Ya se han cerrado las rejas. [Já se fecharam os portões.]

Ya sólo queda la luna. [Já nos resta apenas a lua.]

Comments

andei atrasada com a leitura, e os últimos posts estão muito bons.

mas este poema é especial.

boa semana!
Obrigado, Sabina!
Anonymous said…
Que bicho feio esse de pedra! É alguma figura asteca? Gostei dos astecas na faculdade, queria ler mais livros a respeito da teogonia deles.
Bjos.
Esse é Xochipilli, deus das flores, Tata [Xochi=flores; pilli=príncipe]. Das flores, da arte, dos jogos, da beleza, da dança e do canto. Reyes deu ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro essa reprodução da estátua encontrada no México com gravados de cogumelos, flores do tabaco e outros vegetais "interessantes". Aliás ele contribuiu com o Jardim Botânico, por exemplo, com sementes de peyote, o famoso cactus alucinógeno. Enfim, Tata, Xochipilli é meio mau-encarado mas é gente fina, e há quem diga que está retratado aí em plena e permanente "viagem".
Anonymous said…
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